sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Dois meses sem Tamoxifeno


Dois meses sem Tamoxifeno. Mais exatamente, 67 dias sem o remédio que atormentou minha vida durante cinco anos com seus efeitos colaterais. Quais as mudanças percebidas?
Primeiro, fim das cãibras que me atacavam em qualquer horário, às vezes eu estando deitada imóvel. O calor infernal ainda continua, mas os fogachos diminuíram consideravelmente. Ainda continuo bem calorenta, mas sem aquelas ondas que me faziam até passar mal.
Não voltei a menstruar, portanto, meus hormônios ainda estão "perdidos". Nem sei se vou voltar ou se já entrei na menopausa, mas não me preocupo com isso. Para quem nunca quis ter filhos, não produzir óvulos é uma bênção.
Por fim, a vida melhorando. Sei que, após cinco anos, os efeitos ainda demorarão a sair do organismo. Mas aos poucos sei que tudo voltará ao normal com meu organismo. Minha cabeça já está muito melhor... agora, falta meu corpo atingir esse ritmo. Vamos trabalhar nisso!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Tic Tac - belo apoio à campanha de prevenção ao câncer de mama!

O Tic Tac Brasil me mandou a edição limitada rosa para apoiar a prevenção ao câncer de mama. O mês está acabando, mas a conscientização deve continuar sempre. Aqui, as queridas amigas da redação e da diagramação, que também apoiam a causa! Obrigada, meninas!




E o pessoal da academia também entrou no espírito da campanha de prevenção ao câncer de mama feita pelaTic Tac Brasil! Muito obrigada meus queridos!

Tic Tac Brasil apoiando a prevenção ao câncer de mama!



domingo, 6 de outubro de 2013

Tempo para cuidar de si


Outubro chegou e mais uma vez vemos monumentos em todo mundo se “vestindo” de rosa para lembrar a importância da prevenção ao câncer de mama. Segundo tipo mais frequente no mundo, a doença é a mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom.
Porém, no Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.
Apesar de todas as informações hoje disponíveis sobre o assunto, alguns mitos ainda persistem, como a ideia de que a doença só atinge mulheres acima dos 40 anos. Faço parte de alguns grupos de mulheres que tiveram câncer de mama e já conheci algumas que foram atingidas pelo problema com menos de 25 anos. Apesar de ainda ser relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.
O câncer – de qualquer tipo – é a doença mais democrática que conheço. Ele atinge ricos, pobres, homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos, brancos, negros, amarelos. Não faz distinção de raça, idade, condição social ou gênero. Todos estamos sujeitos a ter essa doença.
Claro que existe a prevenção. Hábitos saudáveis com certeza diminuem o risco de um câncer aparecer. Uma boa alimentação, exercícios físicos, não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas contribuem para se tentar evitar a doença. Porém, não existe uma garantia 100% segura. Ninguém pode afirmar com absoluta certeza que não vai ter a doença, mas podemos fazer nossa parte para evitá-la.
Falo isso porque ainda vejo muitas mulheres que não se preocupam com o assunto, deixando de fazer exames periódicos, mesmo já tendo passado da faixa etária dos 35 anos, ou até mesmo aquelas que tiveram casos de câncer de mama na família. O interessante é que, quando converso com elas, a desculpa invariavelmente é a mesma: falta de tempo e esquecimento.

Não concordo com essa justificativa. Arrumamos tempo para tingir nosso cabelo quando os primeiros fios brancos aparecem, se for preciso fazemos o cabeleireiro nos atender fora de seu horário para isso. Arrumamos tempo para fazer as unhas, para a depilação, para as massagens estéticas, para a ginástica. E como não arrumamos tempo para uma consulta anual ao ginecologista? Se conseguimos tempo em nossa agenda semanalmente ou mensalmente para cuidarmos de nossa aparência física, por que é tão difícil conseguir um horário no ano para cuidarmos de nossos seios? Depois que o problema surge, infelizmente temos bastante tempo – em tratamento – para pensar sobre o assunto. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

E a luta continua!


Começo outubro mais uma vez engajada em palestras e campanhas pela luta contra o câncer de mama. E inicio o primeiro dia de outubro parando de tomar Tamoxifeno, que pelos últimos cinco anos me acompanhou diariamente e, a despeito de seus diversos e difíceis efeitos colaterais, impediu que eu tivesse um terceiro tumor.
Diferente de muitas pessoas que preferem esquecer que tiveram câncer quando se curam – decisão que eu respeito muito – eu preferi transformar minha experiência em esperança a quem está doente. Por ter conseguido sobreviver ao câncer duas vezes, acredito que estou qualificada a levar a esperança de cura a muita gente.
Não acho que levar uma palavra positiva me faça uma pessoa melhor ou pior que qualquer outra. Não me considero “guerreira” ou algo do gênero, aliás, busco hoje fugir dessa imagem que se criou de que o doente de câncer tem de ser uma pessoa positiva o tempo todo, como se nossas dores e tristezas tivessem de ficar escondidas por serem encaradas como “fraqueza”. Até hoje tenho momentos em que me pergunto “por que”, momentos esses em que busco nas orações o conforto para o que não posso mudar.
Não vou citar dados de casos de câncer de mama. Apenas deixo a quem ler essa postagem a mensagem para se cuidar muito bem. Para dedicar aos exames preventivos o mesmo cuidado e disposição que se dedica à academia, ao cabeleireiro, à manicure. Que a falta de tempo não seja desculpa para a não realização de exames. E que o autoexame dos seios passe a ser algo frequente, como o retoque que fazemos na tintura dos cabelos. Não é porque nosso seio não está à vista que não deve ser lembrado.

Mais um Outubro Rosa começa com nossa luta para a prevenção ao câncer de mama. Que os casos diminuam e a cura aumente. Esperança sempre!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

100% Curada!


100% CURADA! Foram dez anos e meio, desde fevereiro de 2003, quando tive câncer de mama a primeira vez, esperando as palavras "você realmente está curada". Quando estava para ouvi-las em 2008, numa dessas reviravoltas da vida, o câncer resolveu voltar com toda sua agressividade, para me botar medo e mostrar que eu precisaria ser muito mais forte do que na primeira vez. Somando os tratamentos de 2003 e 2008, foram 11 cirurgias, 33 sessões de radioterapia, dez sessões de braquiterapia, oito sessões de quimioterapia. Depois disso, mais cinco anos de um medicamento fortíssimo chamado Tamoxifeno, que finalmente paro de tomar no dia 1º de outubro. A sensação hoje ao sair do Centro do Câncer é indescritível. Acho que posso dizer que, se não é o dia mais feliz, é um dos mais felizes da minha vida. A vontade é de sair gritando pelas ruas "sim, eu consegui passar a barreira dos cinco anos sem o câncer voltar!". Quem teve câncer sabe do que estou falando. E quem não teve acredito que consiga sentir minha felicidade e entender o alívio que encheu minha alma. Dormir sabendo que as chances de um retorno agora são mínimas, praticamente as mesmas de uma pessoa que nunca ficou doente, é um presente de Deus maravilhoso! E isso foi possível aos médicos fantásticos que me atenderam e me curaram - meu mastologista João Valcir Pratti e minha quimioterapeuta Ana Lúcia Leisner, além do radioterapeuta doutor Leonardo - aos meus pais, que fizeram o possível e o impossível para que eu recuperasse minha saúde, aos meus irmãos, minhas sobrinhas, minha família e meus amigos. Sou uma pessoa privilegiada por ter tido tanto apoio, e ter conseguido ficar curada duas vezes dessa doença terrível. E, claro, agradeço acima de tudo a DEUS, que me ajudou a ter forças para passar por tudo isso com coragem! Por isso, as duas fotos mostram o passado e o presente - com a certeza de muitos sorrisos no futuro. Hoje o dia é de celebração à vida!

domingo, 25 de agosto de 2013

Prevenção é o melhor


Compartilho com vocês a tabela de abordagens para prevenir o câncer, publicadas no livro "Anticâncer: prevenir e vencer usando nossas defesas humanas", de David Servan-Schreiber.

Para se prevenir contra os desequilíbrios do meio ambiente você deve:

Evitar: Lavagem de roupas por processos a seco com a substância percloroetileno.
Substituir por: Lavar em casa com sabão líquido ou em pó.

Evitar: Desodorante com alumínio.
Substituir por: Desodorantes naturais sem alumínio.

Evitar: Cosméticos com estrógeno ou hormônios placentários, parabenos e ftalatos.
Substituir por: Produtos naturais sem parabenos e sem ftalatos.

Evitar: Pesticidas e inseticidas químicos de uso doméstico.
Substituir por: Pesticidas produzidos com óleos essenciais, ácido bórico ou terra diatomácea.

Evitar: Aquecer comida e líquidos em recipientes plásticos que contenham PVC ou em copos de poliestireno e isopor.
Substituir por: Recipientes de vidro ou de cerâmica inclusive, no forno de microondas.

Evitar: Panelas de teflon arranhadas.
Substituir por: Teflon com superfície intacta ou panela de aço inoxidável.

Evitar: Produtos de limpeza que contenham alquifenóis.
Substituir por: Produtos ecológicos, fabricados com vinagre branco ou bicarbonato de sódio.

Para ajustar a alimentação, reduzindo os promotores de câncer e incluindo o maior número possível de compostos que lutam contra tumores você deve:

Evitar: Alimentos com índice glicêmico alto, como açúcar, farinhas brancas, batata inglesa, cereais de milho e arroz, entre outros.
Substituir por: Frutas, farinhas integrais, batata doce e outros alimentos com índice glicêmico baixo.

Evitar: Laticínios convencionais ricos em ômega-6, óleos hidrogenados (de girassol, de milho, de soja), batatas fritas, chips e salgadinhos.
Substituir por: Azeite de oliva, óleo de linho, leite de soja, iogurte de soja, azeitona, homus e tomate cereja como aperitivo.

Evitar: Carne vermelha e pele de aves.
Substituir por: Aves e ovos orgânicos, legumes, tofu e peixes (cavalinha, sardinha, salmão).

Evitar: Cascas de frutas e legumes que não sejam orgânicos.
Substituir por: Frutas e legumes descascados, ou lavados, ou orgânicos.

Evitar: Água de torneira nas regiões de agricultura intensiva, devido à presença de nitratos.
Substituir por: Água mineral ou de torneira filtrada com filtro de carvão ou osmose invertida.

Compreender e curar as feridas psicológicas que alimentam os mecanismos biológicos que agem sobre o câncer.

E façam bom proveito! Saúde para todos nós!


Fonte: Patricya Travassos, GNT

domingo, 18 de agosto de 2013

Direitos dos pacientes com câncer


O câncer é uma doença enfrentada por significativa parte da população. Não distingue quanto à raça, orientação sexual ou religiosa. É um problema universal. Porém, a luta começa muitas vezes, antes do início do tratamento. No Brasil, alguns remédios – sendo eles ligados ao tratamento de neoplasia maligna – por terem alto custo, são negados pelo SUS (Sistema Único de Saúde). “É dever do Estado garantir assistência médica e farmacêutica a todos os cidadãos, desde que os medicamentos tenham sido indicados por médicos habilitados, exceto medicamentos importados que tenham similares nacionais”, expõe a advogada Danielle Bitetti.
Os portadores de câncer possuem prioridade quanto ao requerimento judicial de tratamento. “Além desses benefícios, o paciente com câncer, nos termos da Lei nº. 8.922/94 e Decreto nº. 5.860/2006 tem direito ao saque do saldo das contas do FGTS, sempre que necessário até a alta médica definitiva, mediante demonstração do laudo e relatório médico que atestem a doença. Válido destacar que os trabalhadores com dependentes portadores de câncer também poderão se valer desse benefício” ressalta a advogada. Porém não são os únicos que devem socorrer a este Poder, que assume a responsabilidade de fazer valer o direito do cidadão à saúde.
O estresse desenvolvido por familiares e acompanhantes de portadores de câncer é grande. O Estado tenta minimizá-lo por meio de alguns benefícios, que atingem não só o doente, mas seus curadores também, como: a circulação livre – não há, aos portadores, o impedimento de se locomover na cidade em horários restritos a carros (desde que esse seja registrado), a isenção do imposto de renda na aposentadoria, a compra de veículos com descontos e adaptados ao paciente, o passe livre em transportes coletivos, cirurgia plástica reparadora de mama (em redes do SUS).
“Com essas informações os portadores desta enfermidade aumentam sua qualidade de vida. A luta dos pacientes contra os abusos cometidos serve como um apoio significativo ao tratamento médico, uma vez que com a ‘briga’ pelos seus direitos, a vontade de viver dos portadores da doença aumenta” conclui Danielle.


Fonte: Porto, Guerra & Bitetti Advogados

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Fortalecendo estigmas


As redes sociais e sites essa semana foram tomados por uma avalanche de notícias sobre a atriz Mariana Ruy Barbosa, cuja personagem Nicole, na novela “Amor à Vida”, tem câncer e, por conta disso, iria ficar careca durante o tratamento. A grande discussão que tomou conta das redes e sites era: ela deve ou não ficar careca? Para quem não sabe – eu mesma não sabia – Mariana tem longos cabelos ruivos, que se tornaram “objeto de desejo” de milhares de mulheres em salões de beleza. A atriz chegou, inclusive, a recusar R$ 1 milhão para tingir as madeixas, o que demonstra sua preocupação com esse símbolo de feminilidade tão valorizado pelas mulheres.
Não assisto novela e nem sabia quem era Nicole até essa avalanche de notícias sobre ela cortar ou não o cabelo. Porém, ao ler sobre o assunto e o drama que estavam fazendo sobre o fato, fiquei pasma em ver como o estigma de uma pessoa ficar careca por conta do câncer é extremamente forte em nossa sociedade. Para acabar com a polêmica, o autor da novela, Walcyr Carrasco, anunciou então que ela não vai mais raspar a cabeça, e que terá uma “história linda” na trama.
Poderia falar aqui que a atriz mostrou total falta de profissionalismo agindo assim, afinal, se sabia que sua paciente tinha câncer e iria ficar careca, não podia no meio do caminho mudar de ideia. Mas se ela resolveu ser apenas mais um rostinho bonito entre os globais, e não uma profissional como Carolina Dieckmann – que não hesitou em raspar a cabeça em “Laços de Família”, em uma cena que marcou na televisão brasileira – não é o ponto principal para mim.
O que me deixou incomodada com o assunto foi o fortalecimento do estigma de que a mulher com câncer, se já não bastassem todos os problemas da doença, ainda tem de lidar com a perda dos cabelos, o que mexe bastante com sua autoestima. Milhares de mulheres assistem novela, muitas delas passando pelo câncer nesse momento. Ao invés de ajudá-las a superar esse estigma, o autor preferiu reforçar um preconceito já existente.
Walcyr Carrasco demonstra, com sua atitude, que ficar careca é a pior coisa do mundo. "Belo" exemplo a tantas mulheres que passam por quimioterapia e, diferente de uma novela, não têm a opção de manter seus cabelos. Um total desserviço às mulheres que sofrem com essa doença que já tantos estigmas nos traz! E falo "nos" porque, como ex-paciente de câncer de mama, sei como é duro enfrentar a queda dos cabelos. Claro que não é o principal durante o tratamento, até porque cabelo cresce de novo, mas ainda assim é um baque tremendo, difícil de ser aceito e que nos deixa mais deprimidas ainda quando estamos doentes. Walcyr Carrasco poderia ter feito a diferença, mas decidiu fortalecer um estigma difícil de ser enfrentado.

sábado, 6 de julho de 2013

Quatro anos de volta à rotina!



Há exatos quatro anos, após um ano e três meses de licença médica, voltava a trabalhar na redação do Liberal. De lá para cá passei por quase todas as editorias, e há dois anos e meio, por indicação do meu chefe, Carlos Ventura, encontro-me hoje na editoria de Cultura, que amo fazer. Passados quatro anos do retorno ao trabalho - e consequente volta à vida normal depois de um câncer de mama - posso dizer que sou feliz principalmente por saber que essa data significa, acima de tudo, SAÚDE! Por isso que, nos plantões - como hoje - procuro estar sempre de bom humor. Claro que é mais gostoso estar de folga em final de semana e feriado, mas é infinitivamente melhor estar trabalhando do que doente na cama. E sou feliz também porque trabalho em uma redação onde a amizade e mais pura trairagem imperam, onde tenho bons amigos e, apesar da correria do dia a dia, também me divirto. Que venham mais quatro, oito, dezesseis, trinta e dois anos... todos com a mais perfeita saúde!

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Cinco anos após a quimio


Há exatos cinco anos, eu começava a fazer o tratamento mais difícil da minha vida, a quimioterapia. Costumo dizer que não desejo que nem meu pior inimigo - que eu não tenho - precise passar por isso, de tão horrível que é. O bom lado é que graças a ela eu me curei do câncer pela segunda vez. Também costumo brincar que quem faz quimio tem um "vale" lá no céu, e pode pecar bastante aqui na terra. Entre brincadeiras e seriedade, eu agradeço por existir esse tratamento que, se nos destrói fisicamente enquanto está sendo aplicado, salva milhares de vidas. Nesse mesmo dia também conheci minha querida amiga Aline, que há três nos deixou e virou uma estrela linda no céu. Por esses dois motivos, o Dia de São João tem um significado muito especial para mim. Que ele sempre nos cubra de bênçãos!

domingo, 19 de maio de 2013

Escolha difícil e salvadora



O assunto da semana em quase todos os órgãos de comunicação foi a mastectomia dupla a qual a atriz Angelina Jolie se submeteu há três meses, após descobrir, através de um exame genético, que tinha 87% de chances de desenvolver um câncer de mama. Com a cirurgia, ela não eliminou totalmente as possibilidades de vir a ter a doença, mas reduziu o risco para apenas 5%. Em todas as mídias, vi matérias e artigos sobre o assunto, a grande maioria com base científica e explicando corretamente o procedimento, enquanto alguns buscaram apenas o sensacionalismo barato para desmerecer a atitude dela em revelar o procedimento.
Como mulher e ex-paciente do câncer de mama por duas vezes, acho que tenho um bom conhecimento sobre o assunto. Tirar um seio, estando doente, foi uma das decisões mais difíceis que tive de tomar em minha vida. Ou melhor, nem foi decisão, porque os médicos já haviam dito que essa era minha única opção em ficar curada. Mas eu tinha o direito de não fazer a mastectomia e continuar o tratamento com radioterapia e quimioterapia. Claro que quis garantir o máximo possível minha cura, e não hesitei em fazer a cirurgia. Foi triste? Muito, e só quem passa por isso entende o sofrimento e as consequências de uma cirurgia desse porte, que não se limitam ao aspecto físico.
Em muitos dos textos que li e comentários sobre a decisão de Angelina, a tônica era a mesma: um sentimento de despeito e até mesmo uma total falta de respeito com a atriz, apenas por ela ser rica, famosa e bonita. Frases como “ela tem dinheiro, coloca os seios que quiser depois”, “sendo rica do jeito que é, grande coisa, se fosse uma pobretona do SUS (Sistema Único de Saúde) aí sim eu ia respeitar a atitude”, “tirou para poder colocar silicone” (essa foi a mais ignorante de todas!), mostram claramente que, por ser quem é, Angelina é uma pessoa que não pode ter problemas e, se os têm, não pode sofrer por ter dinheiro.
A decisão da atriz em tornar público seu procedimento – que inclusive já é feito no Brasil – mostra para mim que, como qualquer mortal, Angelina tem seus problemas, seus sofrimentos, suas decisões difíceis. O fato de ter dinheiro não a torna imune às dificuldades da vida. A atriz viu sua mãe morrer aos 56 anos por causa de um câncer. Por que então não se prevenir disso? Com certeza, evitar 100% ela não pode, ou melhor, ninguém pode. Mas não nos prevenimos todos os dias contra mil coisas, mesmo sabendo que outras podem acontecer? Ou vamos de encontro ao risco, ou invés de evitá-lo quando conhecemos as chances de algo ruim acontecer? Angelina evitou seu risco. Se vai ficar doente, somente o futuro dirá. Mas ela, em um primeiro momento, fez a sua parte. Se fosse eu, com certeza, teria feito a mesma coisa.

domingo, 7 de abril de 2013

Sono e atividade física ajudam a prevenir o câncer



Pesquisas apontam que o sono é tão importante para a saúde como a prática de exercícios físicos

Dia 8 de abril é o Dia Mundial do Combate ao Câncer. A data, instituída pela OMS (Organização Mundial da Saúde), tem por objetivo conscientizar as pessoas quanto à importância da adoção de hábitos mais saudáveis, com foco na prevenção desta que é uma das doenças que ainda mais mata no mundo.
No Brasil, dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva), válidos para o período de 2012 a 2013, estimaram o surgimento de cerca de 520 mil novos casos só no ano passado. Neste estudo, foi constatado também que os tipos de cânceres mais incidentes nas regiões brasileiras são os de pele não melanoma, próstata, mama e pulmão. A alimentação desregrada, o cigarro, a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e a exposição prolongada ao sol são alguns dos fatores que mais contribuem para o desenvolvimento da doença.
Mas a adoção de algumas medidas bem simples e rotineiras pode ser o primeiro passo para evitar este mal. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer, nos Estados Unidos, um sono de qualidade, aliado à prática regular de atividades físicas, desempenha papel fundamental na prevenção da doença. O estudo realizado durante dez anos com quase seis mil mulheres, revelou que aquelas que praticavam exercícios físicos constantemente registraram uma probabilidade 25% menor de desenvolver qualquer tipo de câncer. No entanto, entre estas mesmas voluntárias que praticavam atividades regularmente, a ausência do sono reparador elevou para 47% o risco de exposição à doença.
A teoria levantada pelos cientistas para explicar a importância do repouso noturno diz respeito ao envelhecimento celular, uma vez que quem dorme pouco antecipa esse fenômeno, predispondo o organismo a inúmeras doenças, entre elas, os tumores malignos.
De acordo com a Consultora do Sono da Duoflex, Renata Federighi, durante a noite, as células precisam repousar completamente para não perder sua eficiência e sofrer mutações que são as causas para o aparecimento de um câncer. “A pesquisa americana também evidencia que os treinos estimulam o sistema imunológico e diminuem a incidência de inflamações pelo corpo. Já, poucas horas de repouso atuam no sentido inverso, prejudicando as defesas do organismo e favorecendo quadros inflamatórios vulneráveis a tumores”, explica.
Embora a necessidade das horas de sono seja uma característica individual, a média da população adulta necessita de sete a oito horas de sono diárias para que haja um reparo das funções do organismo, já que, dormir não é apenas uma necessidade de descanso mental e físico. “É durante o sono que ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo a curto, médio ou em longo prazo”, acrescenta a consultora.

FONTE: DUOFLEX

sábado, 6 de abril de 2013

Cinco anos...

Há cinco anos, no dia 5 de abril, num sábado, eu iniciava pela segunda vez uma luta contra o câncer de mama. Lembro do momento exato em que meu pai, encostado na pia, me dizia que meu exame havia detectado um nódulo no seio direito, o mesmo onde cinco anos antes eu já havia tirado uma lesão cancerosa. Lembro também do meu desespero em saber até então que a doença podia estar voltando, fato que só foi confirmado 11 dias depois, após a remoção do nódulo e biópsia.
Passados cincos anos, oito cirurgias, dez sessões de braquiterapia, oito quimios, estou aqui viva, saudável, chegando a mais cinco anos sem o câncer e, principalmente, FELIZ!
Esquecer as datas seria como esquecer a história que me fez chegar aqui. E lembrar a data me faz lembrar a bênção que tive ao vencer o câncer pela segunda vez. Depois disso tudo, passei a viver mais ainda intensamente todos os meus sonhos, e a me mostrar, diariamente, grata a Deus, a minha família, aos amigos e médicos que cuidaram de mim por ter conseguido ficar curada.
Celebro hoje não cinco anos da volta da doença, mas cinco anos do presente de uma terceira chance na vida, porque a primeira ganhamos quando nascemos, e Deus me deu mais duas ainda. Espero, com elas, poder fazer o meu melhor. 

terça-feira, 26 de março de 2013

Seis meses de liberdade



Há pouco mais de 20 dias escrevi aqui que iria fazer meus primeiros exames do ano e que dessa vez estava com medo. Penso que muitas vezes, quando tudo está indo bem, começamos a temer que algo dê errado. Talvez esse sentimento seja comum a pessoas que tiveram câncer, por isso estava apreensiva.
Depois de feitos os exames, hoje fui levar os resultados a minha quimioterapeuta. Doutora Ana já entrou na sala sorrindo, perguntando o que eu estava fazendo que havia emagrecido dois quilos. Para quem estava acompanhando minha subida estratosférica na balança, ver os quilos diminuírem deve ser uma satisfação, afinal, ela me conhece há cinco anos, e desde então me pedia para emagrecer, pedido esse que acaba sendo sempre ignorado.
Mas a melhor notícia de todas veio quando ela disse que eu volto agora apenas em setembro. Para quem estava fazendo exame de três em três meses até o ano passado, ampliando depois o prazo para quatro, a mudança para seis é como um salto entre um continente e outro. Isso ainda veio acompanhado da possibilidade de, a partir de outubro, quando se completam cinco anos da minha alta, esse prazo ser ampliado para apenas uma visita anual ao Centro do Câncer.
Estou imensamente feliz em saber que tenho seis meses de total liberdade pela frente, sem ter de pensar em exames. E mais feliz ainda em constatar que essa ampliação significa menos chances de a doença voltar. Sem desmerecer ninguém, mas só quem teve câncer consegue dimensionar a importância disso. Ao sair do Centro, meus olhos estavam marejados - como estão agora - mas de lágrimas de muita felicidade. Só posso agora dizer uma coisa: obrigada, meu Deus, por mais essa maravilhosa bênção em minha vida!

domingo, 3 de março de 2013

Primeiros exames do ano



Amanhã faço meus exames de rotina pela primeira vez em 2013. E este ano é um marco para mim, porque em outubro completo cinco anos de cura da doença, que me atingiu duas vezes.
Não tem como esquecer que em 2008, quando estava chegando aos cinco anos tão esperados, o câncer voltou com toda a força. E isso me dá medo. Um medo talvez até irracional de que novamente a doença retorne quando fizer cinco anos de cura. Mas ao mesmo tempo um medo compreensível, afinal, quem já passou por isso apenas uma vez entende muito bem o que sinto. Quem passou duas, então, pode chorar comigo. 
Eu deveria estar acostumada, afinal, faço exames a cada quatro meses, e raramente falo que tenho medo. Costumo brincar que posso morrer de qualquer coisa, menos de câncer. De setembro para cá mudei minha vida em muitos aspectos para me fortalecer e evitar que a doença volte: emagreci, reduzi bastante o consumo de álcool (não que eu bebesse todos os dias, mas uma cervejinha nunca era recusada), quase não como mais farinha branca, e passei a fazer exercícios seriamente. Ainda assim, volta e meia me pego pensando o que mais eu posso fazer para ter certeza de que o câncer não vai retornar.
E aí mora a raiz do medo: não existe nada que me garanta 100% que ele não vai voltar. Mesmo tomando Tamoxifeno, ele pode voltar. Mesmo não bebendo, comendo tudo o mais correto possível, me exercitando, ele pode voltar. O câncer, infelizmente, é uma doença "democrática". Ele não distingue cor, classe social, idade, sexo. Assim como eu, que tive câncer de mama aos 31 e aos 36 anos, tem criança com a doença, tem adulto, jovem, idoso. São outros tipos da doença, mas ainda assim é câncer. E a democracia que a doença tem não nos permite muito questionar "por que eu?". Sempre acreditei que tinha de ser eu, e ponto. Até porque, em outros aspectos, Deus me deu muitas coisas boas, e nunca me perguntei por que eu merecia benefícios.
Agora é torcer para que amanhã tudo continue bem. Já estou com a lista de exames separados, os anteriores na pastinha, a cabeça preparada para a famosa agulhada do exame de sangue que tanto me apavora, porque tenho fobia de agulha. Como sempre, sei que vou fazer tudo em umas duas horas, passar no café da Edna e me dar de presente um pão de queijo e um expresso depois da bateria. Meu alívio já deve começar amanhã mesmo, quando pego os resultados de ultrassom. E, se Deus quiser, vou continuar com os exames limpos, pelo menos do câncer, para o resto da minha vida. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Dez anos depois...



Nesta última terça-feira lembrei que fazia exatamente dez anos que tinha recebido a notícia do meu primeiro câncer de mama. De lá para cá foram três cirurgias, 33 sessões de radioterapia, uma recidiva, oito cirurgias, oito sessões de quimioterapia e dez de braquiterapia. Saldo total: uma mulher curada.
E que a cura seja para sempre, que eu não estou pronta para outra... risos...
O mais importante desses dez anos: ter câncer não me tornou uma pessoa infeliz. Ter tirado um seio não fez de mim uma mulher menos vaidosa. Sofrer os efeitos do Tamoxifeno não me transformou em uma pessoa revoltada. Sou uma pessoa lutadora, assim como milhares de outras que enfrentam essa doença. O câncer me fez sim uma pessoa melhor, mas não melhor que ninguém. E continuo em busca do meu melhor, sempre levando uma mensagem de otimismo quando posso a quem está passando por essa doença difícil. Talvez Deus tenha me mostrado, através disso tudo, que acima de tudo o importante é tentar ser feliz, não importa o quanto a vida tenha sido dura. E estou tentando ser feliz, ao meu modo.
Dez anos de uma mudança inesperada em minha vida, que hoje não me machuca nem entristece mais. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sete cuidados para prevenir o câncer



Especialistas indicam hábitos capazes de evitar os tipos mais comuns da doença

FERNANDO MENEZES

O tratamento contra o câncer é um dos mais desgastantes. Família e paciente sofrem durante meses, às vezes por vários anos, até controlar a doença. Fatores genéticos são historicamente conhecidos como causas do problema, a novidade da Medicina mais recentemente é o peso que seus hábitos têm no desenvolvimento de um tumor. "Manter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos fazem bem para a saúde de maneira geral e isso inclui a prevenção de vários tipos de câncer", afirma o oncologista Hezio Jadir Fernandes Jr, diretor do IPC (Instituto Paulista de Cancerologia). "O segredo está em identificar os cuidados específicos para cada tumor".
Veja as dicas dos especialistas para diminuir os riscos dos principais tipos da doença.

Câncer de mama

Tipo de câncer mais comum em mulheres, com exceção do câncer de pele, o câncer de mama corresponde a 28% dos tumores no sexo feminino. Segundo a oncologista Ana Ramalho, coordenadora da divisão de atenção oncológica do Inca (Instituto Nacional do Câncer), os exames preventivos, como a ressonância da mama e a mamografia, têm um papel importante na prevenção e devem ser feitos uma vez a cada dois anos, após os 40 anos de idade. "Quando a mulher chega aos 50, deve realizar pelo menos um desses exames anualmente, além de fazer o autoexame de toque toda a semana", afirma a especialista.
Outro hábito simples tem se mostrado eficaz na hora de prevenir o câncer de mama. "Para as mulheres que estão pensando em ter filhos, um bom conselho é amamentar o bebê pelo menos durante o primeiro ano de vida. Estudos mostraram que esse hábito, além de trazer inúmeros benefícios para o bebê, pode diminuir em até 5% as chances de ter câncer de mama", explica.

Câncer de próstata

De acordo com o último levantamento feito pelo Inca, o câncer de próstata é o segundo tipo que mais atinge homens, correspondendo a 30% dos casos registrados. "Fazer o exame de toque retal ou ultrassom da próstata, anualmente, a partir dos 40 anos é fundamental", afirma o urologista José Roberto Colombo, especialista do Minha Vida.
Outra medida apontada pelo o especialista é aumenta a ingestão de tomates, principalmente em versão quente, como no molho vermelho. "O tomate tem uma substância chamada licopeno que, além de dar a cor avermelhada à fruta, também age como preventivo contra o câncer de próstata".

Câncer de pulmão

Esse tipo de câncer é o mais comum de todas as neoplasias malignas e apresenta um aumento de 2% ao ano na incidência mundial. "Aproximadamente 90% de pacientes que foram diagnosticados com câncer de pulmão fumam ou já fumaram. Esse dado já mostra que a melhor maneira de se prevenir é não fumar ou largar o cigarro o mais rápido possível", afirma o oncologista Artur Katz, do Hospital Sírio Libanês, líder da pesquisa “Câncer de Pulmão: a Visão dos Pacientes”.
De acordo com o pneumologista Ricardo Meirelles, da Divisão de Controle de Tabagismo do Inca, a região sul do Brasil é onde o câncer de pulmão afeta mais pessoas. "É lá também que o hábito de fumar e consumir outros produtos derivados do tabaco é mais comum", explica.

Cavidade oral e laringe

Mesmo que os casos desse tipo de câncer sejam mais comuns em homens, as mulheres também precisam ficar atentas e evitar alguns hábitos que causam diretamente a doença. "Os principais fatores de risco para o câncer da cavidade bucal são o fumo, o consumo de álcool e infecções bucais por HPV. Sozinho, o tabagismo é responsável por cerca de 42% das mortes por esse tipo de câncer. Já o alcoolismo intenso é responsável por 16% das mortes", afirma o oncologista Fernando Luiz Dias, coordenador da seção de cabeça e pescoço do Inca.
O tabagismo e o consumo de álcool têm efeitos ainda mais devastadores juntos. "Estudos apontam que, juntos, o fumo e a bebida aumentam em 30 vezes o risco para o desenvolvimento do câncer da cavidade oral e laringe", diz o oncologista Fernando Luiz Dias. 

Colo do útero

Tirando o câncer de pele não melanoma, o câncer de colo de útero é o que apresenta maior percentual de prevenção e cura. "Para diminuir esse tipo de câncer, dois hábitos se mostram bastante eficazes: o uso de preservativos e fazer o exame Papanicolau todos os anos", afirma o oncologista Hezio Jadir Fernandes Jr, diretor do IPC.
Segundo o especialista, o vírus do HPV é um dos principais causadores do câncer de colo de útero. Para se proteger, basta usar preservativos e controlar o número de parceiros sexuais. "O começo da vida sexual está cada vez mais precoce. Isso favorece o aparecimento do vírus do papiloma humano e, consequentemente, o câncer de colo de útero", explica. Como a vacinação contra HPV ainda não está disponível a todos, o uso do preservativo ainda é a melhor forma de prevenção.
Já o exame Papanicolau é a maneira mais eficiente de encontrar esse tipo de câncer no estado inicial. "Nessa fase, o problema é facilmente tratado. Por isso, as mulheres que tem vida sexual ativa devem fazer esse exame esse exame pelo menos uma vez por ano", explica o oncologista. 

Câncer de pele

Considerando todas as variações possíveis, o câncer de pele é o mais comum, tanto em homens como em mulheres. Por outro lado, ele também é o que possui o maior índice de cura, se descoberto em estágio inicial, e o mais fácil de prevenir. "O câncer de pele está diretamente ligado à exposição demasiada ao sol. Por isso, as duas melhores maneiras de se prevenir estão ligadas a este hábito", explica o dermatologista Claudio Mutti, especialista em cirurgia oncológica pélvica pelo Instituto de Controle do Câncer.
Segundo o dermatologista o protetor solar é o maior aliado na prevenção do câncer de pele. A aplicação deve ser feita cerca de 30 minutos antes da exposição ao sol e o produto deve ser aplicado no corpo todo, especialmente nas áreas mais expostas ao sol, como face, pescoço, colo e braços. "É nessas áreas que o câncer de pele é mais frequente", explica.
Outra medida importante é evitar sair no período de pico do sol, entre 10 e 16 horas. "Mesmo usando protetor solar, é importante evitar se expor aos raios solares nesse período de sol forte", explica Claudio Mutti.
 
Cólon e reto

"Uma alimentação balanceada, com baixo teor calórico, rica em frutas, fibras e legumes, associada a hábitos saudáveis como a prática de atividade física, pode reduzir 37% desse tipo de tumor", diz o nutricionista Fábio Gomes, especialista da área de nutrição do Inca. O especialista ainda lembra que a ingestão excessiva e prolongada de bebidas alcoólicas também pode ser um fator de risco para esse tipo de câncer.

FONTE: MINHA VIDA

domingo, 27 de janeiro de 2013

Reconstrução mamária imediata com músculo dorsal é segura, aponta tese




Procedimento não traz complicações pós-cirúrgicas e promove benefícios à qualidade de vida das mulheres

Isabel Gardenal

O câncer de mama, dependendo do seu grau de comprometimento, pode demandar uma intervenção cirúrgica como a mastectomia, para retirada total da mama, associada ou não à remoção dos gânglios linfáticos da axila. Ela pode estar ainda associada à cirurgia plástica para reconstrução mamária, conforme indicação médica. Em termos de funcionalidade física, é normal haver redução da movimentação do braço após a mastectomia, mas ainda não se sabia com certeza o quanto uma reconstrução poderia repercutir ou adicionar prejuízos à mobilidade dessas mulheres.
Um estudo de doutorado da FCM (Faculdade de Ciências Médicas), defendido dentro do Programa de Pós-Graduação em Tocoginecologia pela fisioterapeuta Riza Rute de Oliveira, demonstrou que a reconstrução mamária imediata (ela também pode ser feita meses depois) com músculo grande dorsal (retirado da região das costas e que atua no braço) é segura do ponto de vista de sua movimentação, não traz complicações pós-cirúrgicas e promove benefícios à qualidade de vida das mulheres.
Essas conclusões foram possíveis graças a uma avaliação de 104 mulheres mastectomizadas, das quais 47 se submeteram à reconstrução imediata com músculo grande dorsal associado à prótese de silicone no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti Caism, enquanto outras 57 passaram unicamente por mastectomia.
A pesquisa apontou que não houve perda funcional do braço e que o procedimento pode ser uma boa opção de reconstrução. Segundo o oncologista Luis Otávio Zanatta Sarian, orientador da tese, hoje há três tipos mais usuais de reconstrução: a Tram, que utiliza músculo da barriga; a Grande Dorsal, que emprega músculo das costas, e o expansor ou prótese.

Seguimento
Os estudos da literatura até então traziam metodologias retrospectivas de baixa qualidade e sem uma perspectiva longitudinal. Também as casuísticas eram muito menores e, na maioria, norte-americanas e europeias. O Brasil ainda não tinha dado sua contribuição.
No Caism, a reconstrução com o grande dorsal passou a ser a mais utilizada, permitindo a elaboração de um estudo longitudinal que respondeu algumas dúvidas sobre este tipo específico de reconstrução.
A doutoranda fez um estudo prospectivo entre 2007 e 2010, no qual foram incluídas todas as mulheres com até 70 anos submetidas à mastectomia no hospital, acompanhadas até um ano após o procedimento e avaliadas no pré-operatório, semanalmente até completar um mês e novamente aos três, seis e 12 meses.
Nesses períodos, verificou-se como se comportava a movimentação do braço, as complicações pós-operatórias e a qualidade de vida entre quem fazia reconstrução mamária imediata e quem não fazia.
Para avaliar a movimentação do ombro, foi adotado um goniômetro para medir a flexão (elevação frontal do braço) e a abdução (elevação lateral do braço) – movimentos mais usados no dia a dia. A pesquisadora explica que pessoas livres da doença têm amplitude completa de 180º tanto para flexão quanto para abdução.
No pré-operatório, a maioria das pacientes tinha o movimento de 180º completo. Mas, na primeira semana após a cirurgia, perdia-se essa amplitude, ficando com os movimentos em torno de 135º ou 145º.
Durante o primeiro mês após a cirurgia, todas as mulheres integravam um programa de fisioterapia para o braço no Caism, que consistia de 19 exercícios protocolados, conduzidos em grupo, que incluíam alongamentos, exercícios para o ombro e que finalizavam com relaxamento.
Após um mês, elas atingiam uma recuperação entre 150º e 160º, e muitas conseguiam realizar a maioria das atividades. “Todas as mulheres eram então orientadas a praticar diariamente os exercícios em casa, para manter a amplitude atingida ou recuperar o restante”, expõe a doutoranda. Mas, em caso de necessidade, o atendimento fisioterapêutico podia prosseguir.
Riza dimensiona que é muito importante que elas recuperem a movimentação inclusive do ombro pela independência física e pela necessidade de continuar o tratamento do câncer. Muitas delas necessitam passar por radioterapia, e o seu posicionamento durante este procedimento exige manter o braço aberto.
Alguns resultados não tardaram a surtir efeito. Mesmo não havendo diferença estatisticamente na recuperação do movimento entre os grupos, as mulheres reconstruídas tiveram uma recuperação um pouco melhor e menos complicações pós-operatórias do tipo deiscência cicatricial (quando a cicatriz abre) e aderência tecidual do que as só mastectomizadas.
A qualidade de vida delas foi avaliada a partir do questionário WHO-QOL 100 (World Health Organization – Quality of Life), contendo 100 questões, divididas em domínios ou áreas: domínio psicológico, físico e do nível de dependência, entre outros. Por meio dele, notou-se que mulheres reconstruídas tiveram melhor pontuação nos aspectos psicológicos e apresentaram nível de independência equivalente ao das outras mulheres (todas foram capazes de fazer as mesmas atividades nos dois grupos).

Realidade
De acordo com Luis Otávio, a reconstrução mamária no Brasil deve se tornar uma obrigatoriedade nos serviços de referência no tratamento desse câncer. “Os impactos benéficos, já testados, contribuíram muito para a qualidade de vida das pacientes”, diz.
Por outro lado, aspectos técnicos da mobilidade da mulher e de sua capacidade de realizar funções do dia a dia não tinham sido avaliados da maneira metodologicamente correta. Havia apenas estudos indicando complicações sobre a biópsia de linfonodos-sentinelas (o primeiro gânglio linfático a drenar o sítio do tumor), mas nenhuma abordando a reconstrução mamária.
Esse estudo foi inédito e avaliou ao longo do tempo a recuperação do movimento das mulheres submetidas à reconstrução imediata, uma das fases mais delicadas na decisão da paciente, por mexer com grande parte da musculatura que exerce influência sobre o braço e os ombros.
Mas, a despeito dos benefícios que o procedimento promove, há contraindicações à reconstrução imediata em estágios muito avançados da doença. Outro percalço é a rejeição decorrente de complicações, apesar de mínima (que depende do tipo de reconstrução). A própria prótese de silicone pode ser um empecilho.
Quando é efetuado um retalho, em que se tira a pele e o músculo de uma região para recolocar em outra, essa transferência pode levar à necrose e a infecções. Conforme o Food and Drugs Administration (FDA), o índice de infecção em implantes de silicone é de 1% a 2%, em um intervalo pós-operatório de um ano.
Neste momento, estão saindo novas normatizações no Brasil preconizando que os tratamentos de câncer de mama pelo SUS vão ter obrigatoriedade de oferecer as reconstruções mamárias. Hoje, alguns serviços, como o Caism, já financiam as próteses.

Evolução
Segundo tipo mais comum, após o câncer de pele, o câncer de mama entre as mulheres responde por 22% dos casos novos a cada ano (a estimativa do Instituto Nacional do Câncer foi de 52.680 casos novos no país em 2012 e a sobrevida média após cinco anos é de 61%) A sua incidência está aumentando e isso se atribui às mulheres que estão tendo menos filhos, mais tardiamente e vivendo mais.
“As taxas de mortalidade continuam elevadas porque a doença é diagnosticada em estádios mais avançados”, lamenta o oncologista. Relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta idade sua incidência cresce rapidamente. As mulheres que têm filhos depois disso têm um risco em torno de 50%, todavia não significa que desenvolverão a doença.
É mais suscetível a mama que fica por maior tempo sem cumprir o seu completo desenvolvimento, que ocorre quando a mulher fica grávida. Para esse tipo de câncer há ainda a influência de fatores ligados ao ambiente, como a obesidade, contudo em especial conta muito o fato de as pessoas viverem mais.
Quase todos os cânceres, pontua Luis Otávio, têm relação com a idade, tanto que, quanto mais tempo se vive, mais chances há de desenvolvê-los, isso tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. As mulheres diagnosticadas precocemente, salienta, têm uma probabilidade de sobreviver ao câncer de mama em mais de 95% dos casos, porque os tratamentos atuais e as tecnologias vêm sendo efetivos. Entretanto, as condutas terapêuticas variam.
A priori o tratamento do câncer pode ser cirúrgico e depois medicamentoso. Em algumas situações, indica-se quimioterapia, em outras bloqueador hormonal e em outras ainda a mulher pode receber anticorpos contra proteínas que o câncer produz.
Até o momento não se fala de vacinas. A última palavra em medicamento é o herceptin (nome comercial), distribuído pelo SUS. Mais ou menos 30% das mulheres são tratadas com essa droga, que produz involução dos tumores. No câncer avançado, mostrou que auxilia no controle da doença, prolonga a sobrevida e melhora a qualidade de vida das mulheres, passando a ter menos sintomas, hospitalizações, etc.
Riza relembra que a mama representa funções elementares: a feminilidade das mulheres, a sexualidade e a maternidade; e que a sua extirpação afeta sobretudo a sexualidade, pois a maior parte delas nessa fase já ultrapassou a fase da maternidade, o que vem a prejudicar mais a sua imagem corporal.
Já alguns tipos de câncer de mama atingem mulheres na faixa dos 30 anos, em função de um componente familiar, e em torno de 85% esporadicamente, partindo de alterações adquiridas com o tempo, depois dos 50 anos. São de motivação epidemiológica, pela exposição a uma causa que não se sabe ao certo. Agora, uma mulher que teve dez filhos, menarca tardia, menopausa precoce e que não é obesa também pode ter esse câncer, embora não seja a situação mais comum.

Referência
Para cada tipo de mama, existe um tipo ideal de reconstrução. No Caism ela é feita pelos oncologistas com os cirurgiões plásticos – a equipe de Oncoplástica. Além dos vários profissionais, o hospital tem um serviço que é, dentro do interior do Estado, o que mais recebe casos de câncer de mama, o que qualifica a assistência, acredita Luis Otávio. O atendimento ambulatorial acontece diariamente. A mulher é encaminhada pela rede de saúde. Esse serviço oferece todos os tipos de reconstrução mamária, consoante à necessidade da mulher.

Tese: “Amplitude de movimento do ombro, complicações pós-operatórias e qualidade de vida de mulheres submetidas à mastectomia e reconstrução mamária imediata”
Autora: Riza Rute de Oliveira
Orientador: Luis Otávio Zanatta Sarian
Unidade: FCM

domingo, 13 de janeiro de 2013

18 dicas para ter qualidade de vida durante o tratamento do câncer


1. Você pode dominar a situação, mesmo diante de problemas sérios.

2. Mesmo em situação de extrema gravidade saiba que existe uma saída.

3. O medo da morte faz parte da maioria dos pacientes com câncer. É preciso paciência para atingir bons resultados.

4. Monte projetos de vida durante o tratamento quimioterápico. Use as habilidades pessoais para desenvolver esses projetos.

5. Converse com seus médicos. O diálogo pode ajudar mais do que os antidepressivos.

6. Para ajudar alguém, você deve se ajudar primeiro.

7. Fique atento aos sintomas de seu corpo e avise ao seu médico. Ninguém melhor do que você para perceber suas alterações.

8. Metas devem ser ajustadas às finalidades particulares.

9. Volte a apreciar a natureza e use os seus cinco sentidos (visão, olfato, paladar, tato e audição).

10. Vença as crises e cresça.

11. Imagine que você tem o controle total da situação. Isto faz parecer que os problemas são menores.

12. Encontrar harmonia familiar também ajuda no equilíbrio da doença. Portanto, sempre que puder, reúna a família.

13. Nunca deixe escapar uma grande oportunidade de suas mãos, mesmo que você esteja doente.

14. Continue trabalhando em projetos que gosta enquanto continua seu tratamento médico. Isto traz satisfação e bem- estar.

15. Estimule áreas adormecidas do cérebro.

16. Ocupe o seu tempo com atividades prazerosas e trace um plano de metas.

17. A sustentabilidade de um processo depende de atitudes rápidas.

18. Independente da crise pela qual esteja passando, mantenha sua mente ocupada com alguma coisa. Assim, os problemas se tornam menores.

 
Extraído do livro “Como Viver em Harmonia com o Câncer”, de Celso Massumoto, médico onco-hematologista