terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Feliz 2010!
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Exames
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Apreensão
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Um ano curada!
domingo, 18 de outubro de 2009
Crescimento
domingo, 13 de setembro de 2009
Feliz!
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Férias
Estava planejando ir para Minas mas, como minha folga começou antes do período que eu imaginava, minha viagem não deu certo porque minha companheira Renata não tem como sair de seus plantões. Por um lado foi ruim, porque queria muito viajar com essa querida amiga, mas como sempre meu lado “Poliana” falou mais alto e acabei vendo o lado bom da história.
E qual é esse lado? Bom, comecei academia a semana passada e estou indo bem. O estilo é meio personal, ou seja, um grupo pequeno em que o professor pode me dar uma atenção bem individual. Para melhorar, ele é marido da minha fisioterapeuta, que já deu as orientações sobre quais exercícios posso fazer sem prejudicar meu braço direito, meio incapacitado para algumas coisas por causa da axilectomia. Conversando com o Fernando, ele quem cantou a bola: por que eu não aproveitava e ficava um semana em um spa, dando um pique no emagrecimento que tanto quero?
A ideia caiu como uma luva. Já fiz a reserva e, semana que vem, chego no Spa Jardim da Serra, em São Pedro, onde já estive uma vez quando estava em um período meio confuso da minha vida. Naquela ocasião foi muito bom espairecer alguns dias, e é o que pretendo fazer agora: relaxar e emagrecer um pouco. Estou mais do que animada, e meu tempo, que ficou tão ocioso por ocasião do meu tratamento, agora está bem ocupado: trabalho, academia, inglês, fisioterapia... nada de desperdiçar a energia com coisas inúteis. Já fiz muito isso em minha vida, e sei que não vale a pena.
O emagrecimento está sendo uma das minhas metas mais importantes agora. Coloquei na minha cabeça que vou eliminar os 15 quilos adquiridos durante o tratamento contra o câncer... E VOU! Afinal, que raio de mulher é essa que vence essa doença horrorosa duas vezes, e não consegue perder uns quilinhos?
sábado, 1 de agosto de 2009
Rotina
O mais interessante é que meu tempo está sendo totalmente ocupado. Agora quero retomar projetos antigos (tipo entrar na academia, que começo nesta segunda), e iniciar novos, como ser voluntária de uma entidade que atende pacientes de câncer. E por que pacientes de câncer? Porque quero ser para eles uma esperança, quero mostrar que venci essa doença duas vezes, e levar o meu exemplo a todos que precisarem de um estímulo para se manterem na luta. Pode parecer pouco para muita gente, mas para mim é um objetivo de vida que descobri recentemente: levar minha palavra a quem quiser ouvir. Eu poderia sentar em casa, assistir TV e esquecer tudo o que passou, ou melhor, fazer de conta que esqueci e viver minha rotina sem me preocupar com quem está doente agora. Mas... Não sou assim... Não sei ignorar o fato de que posso ajudar quem está vivendo o que eu vivi. Talvez tudo tenha acontecido como aconteceu exatamente para que eu saísse do meu mundo quase perfeito e descobrisse que posso ser mais do que eu sou. E, se assim for, espero que eu consiga mesmo ajudar outras pessoas.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
A volta... AO TRABALHO!!!
Segunda volto ao trabalho. Estou numa mistura de ansiedade, felicidade, euforia, nem sei dizer o que mais... É maravilhoso saber que meu lugar está ali, me esperando, do mesmo jeito que o deixei. Claro que houve muitas mudanças no jornal desde que saí, e pelo que vi coisas positivas: a redação está linda, e eu retorno para fazer aquilo que mais gosto que é trabalhar com suplementos. Se felicidade desse dinheiro eu hoje estaria triliardária!
Pode ser que algumas pessoas se espantem com tanta felicidade apenas por voltar ao trabalho. Mas isso mostra que o pesadelo realmente acabou. Porque enquanto estou em licença parece que alguma coisa ainda está faltando para que eu sinta que minha vida voltou ao normal. E o que falta é aquilo que na verdade nos rege: a rotina. Porque ter uma rotina, principalmente prazerosa, é algo muito importante para nosso bem estar. E nesse ponto sou privilegiada: gosto do que faço, sei que faço muito bem feito e, mais importante que tudo, sou muito feliz por poder voltar
a fazer aquilo que eu sempre disse que faria, que era ser uma jornalista.
E aproveito aqui para agradecer ao pessoal do Liberal que durante todo esse tempo só me deu apoio, sem jamais me pressionar para uma volta. Muito pelo contrário, desde o momento em que soube estar doente o que ouvi foi: faça seu tratamento, suas cirurgias, e só volte realmente quando tudo estiver acabado, porque seu lugar está aqui te esperando.
Portanto, pessoal, pode ir se preparando: Andréa está voltando, e desta vez é para ficar!!!!!
sexta-feira, 5 de junho de 2009
ACABOU!!!!!!!!!!!!!!
Vida normal para mim ainda é com alguns cuidados, mas é muita coisa. É poder dirigir (aos poucos, nada de pegar o carro e andar 300 quilômetros), é poder erguer o braço para lavar a cabeça, é fazer caminhada se eu quiser... é poder viver!
Mais importante ainda: é saber que não há outra cirurgia me esperando nem outra anestesia geral nem internação nem repouso nem antibiótico nem remédio. Ufa! Estou até meio atordoada, porque durante esses 14 meses minha vida sempre estava girando em torno de tratamento e cirurgia. E agora não tem nada disso me esperando... Muito pelo contrário, o que me espera agora é uma vida feliz.
Falta ainda fazer o mamilo e a tatuagem, mas isso é fichinha bem vagabunda perto de tudo que já passei. E ainda vai acontecer só daqui a dois meses, coisa rápida de meia hora no consultório e depois um dia de descanso. Enfim, nada que comprometa minha rotina profundamente.
No mais, é continuar fazendo meus exames periódicos e rezar toda vez para que eles venham negativos. Voltar a trabalhar daqui a um mês, continuar saindo, fazer mais amigos e manter os antigos... VIVER!!!!! Nada mais que isso eu quero. Porque, existir por existir, não valeria a pena tudo que passei, não é mesmo?
domingo, 17 de maio de 2009
Amigos distantes – e mais que presentes
Pode parecer que o tema está batido, que amigo virtual hoje é coisa comum, mas não é. Não quero aqui fazer um tratado sociológico ou psicológico sobre o assunto (que já deve existir), mas falar sobre o que esses amigos virtuais representam não somente para mim, mas para todos que se dispõem a conversar com aqueles que conhecem em um chat ou site de relacionamento.
Tenho amigos “reais” que acham que quem entra na net tem algum problema ou deve ser muito solitário. Engano crasso! Eu tenho muitos amigos, sempre saio, e mesmo assim volta e meia me aventuro em uma sala de chat onde conheço pessoas de todos os tipos, algumas com quem acabo conversando sempre, e outras em que o contato se resume a um papo.
E qual a diferença entre essas pessoas e aquelas que conheço num bar, por exemplo? “Ah, mas na net você nem sabe como é a pessoa com quem está conversando, vai que é um psicopata ou um mentiroso?”. Concordo em partes. A gente conhece mesmo quem nos aborda em um bar ou balada, ou até mesmo na faculdade ou trabalho? Como saber que o primeiro papo não está recheado de mentiras, que acabam sendo descobertas mais tarde (às vezes até tarde demais, diga-se de passagem)?
Atire a primeira pedra quem nunca teve uma decepção com um amigo que imaginou ter conhecido a vida inteira. Ou com aquele cara fantástico do barzinho, gente boa mesmo, que ligou e parecia o príncipe encantado e depois se mostrou tão ou mais cafajeste que todos os tranqueiras que você conheceu juntos? Enfim, não dá para julgar quem conhecemos em lugar nenhum. Apenas o tempo nos mostra quem são as pessoas, porque as máscaras, por melhores que estejam colocadas, sempre acabam caindo.
Escrevi tudo acima apenas apara falar sobre minha experiência nesse campo. Conheci pessoas maravilhosas desde 1998, quando comecei a fazer parte do chamado mundo virtual. Algumas dessas pessoas ainda estão em contato comigo, e outras se afastaram como se afastam também nossos amigos de infância, adolescência e até mesmo adultos, quando tomam caminhos distintos dos nossos.
Ano passado tive a maior prova de que nesse mundo virtual tão louco existem pessoas que, mesmo distantes, foram mais presentes do que “amigos” reais que tenho. Pessoas que me achavam no orkut e, ao lerem meu perfil e descobrirem que eu estava com câncer, me deixavam uma mensagem de apoio e pediam para ser adicionadas. Homens, mulheres e até mesmo adolescentes que resolveram, sem nunca ter me visto, nem saber quem eu sou realmente (e se sou uma psicopata?), acompanhar minha luta contra o câncer e subsequente vitória. Pessoas também que conheci em chats e sempre me mandam um e-mail perguntando como estou. Ou escrevem para dizer que recebem minhas mensagens e continuam na torcida. Enfim, para dizer: olha, distantes, sem rosto (em alguns casos nunca vi suas fotos), estamos ao seu lado.
O que levava essas pessoas a escreverem para alguém que não conheciam e dizer que estavam torcendo? Acredito que seja o que me leva a fazer o mesmo que elas: a solidariedade. Um pouquinho do carinho de cada um se transforma em um monte que nos afaga a alma todos os dias. E quem não gosta de carinho, não é mesmo?
Sempre digo que amigos nunca são demais. Sejam eles de perto, de longe, da net, do trabalho, sempre vale a pena mantê-los quando existem respeito e consideração no relacionamento. Gostaria muito de poder conhecer pessoalmente todos que fazem parte da minha rede de contato, mas infelizmente em alguns casos sei que isso será impossível pela distância. Mesmo assim, é muito bom saber que eles estão ali, atentos, torcendo por mim assim como eu por eles. Isso é amizade. Isso é amor. E amor, nesse mundo tão louco que vivemos, é um sentimento cada vez mais bonito de ser sentido.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Fechando o ciclo
Hoje é véspera da minha última cirurgia. Ou melhor, últimas cirurgias, porque farei uma biópsia novamente no útero, para a retirada de um pólipo. Exatos 364 dias depois da minha mastectomia, encerro o ciclo de operações com o retoque das plásticas. Ainda falta fazer o bico do seio e a aréola, mas isso é fichinha, coisa de consultório que nem faz cócegas.
Estou feliz e ao mesmo tempo apreensiva. Feliz pelo fim de anestesia geral e hospital, mas apreensiva com a biópsia. Por mais que eu saiba que é para meu bem, que é quase 100% de certeza de que não é nada, fico nervosa, é claro! Essa história de esses pólipos ficarem aparecendo não é nem um pouco agradável, e a biópsia, no meu caso, é obrigatória. Já fiz uma esse ano e não deu nada, então tenho de pensar positivamente que essa também não vai dar. Mas tem horas que bate um medo...
Nem sei como será essa recuperação, porque o médico irá mexer nos dois seios dessa vez. Essa coisa de não levantar o braço parece moleza, mas tente ficar um dia todo sem abrir os braços ou levantá-los!!! Até agora as cirurgias foram alternadas, ou seja, um braço ficava em repouso, mas o outro podia se movimentar normalmente. Agora os dois irão ficar parados. Para mim, que adoro teclar e detesto depender dos outros, é meio que angustiante pensar nisso, mas não adianta também ficar reclamando. Sei que tudo isso é para o meu bem estar, portanto tenho de seguir as ordens médicas sem discussão.
E, finalizando mesmo esse ciclo, já tenho definida a data de retorno ao jornal: 6 de julho, uma segunda-feira, exatamente 1 ano e 3 meses após minha entrada
domingo, 5 de abril de 2009
Um ano
Hoje estou curada. Daqui um mês faço minha última cirurgia e, se tudo estiver certo, em junho volto a trabalhar. Hoje também faz um ano que estou em licença médica. Sinto falta das conversas dos colegas, do desespero de entregar a matéria no prazo, e do companheirismo que sempre senti na redação do jornal. Quando eu voltar, após tanto tempo, acho que será como começar de novo no emprego.
O tempo... O tempo para mim passa um pouco diferente do que para outras pessoas. Quando penso em algum fato passado durante esse período, normalmente ele acaba sendo relacionado a uma das fases do meu tratamento. “Não, nesse dia eu não saí porque estava em repouso da cirurgia”, ou “Ah, lembro porque foi quando terminei a quimioterapia”. Além disso, acabamos marcando o tempo como o intervalo entre cada fase do tratamento. Agora estou no intervalo entre a penúltima e última cirurgia. Após quase quatro semanas, ainda não estou liberada do repouso, não posso fazer esforço nem levantar o braço direito. Quando estiver bem, já entrarei na próxima cirurgia, e esse repouso de agora será feito com o braço esquerdo. Assim, sempre estou entre uma coisa e outra relacionadas ao tratamento.
E, no final de tudo, olhando esse um ano que passou, o resultado é bom. Não tenho mais os seios que tinha antes, ainda acho estranha essa prótese de silicone, mas sei que vou acabar me acostumando com ela. Mesmo porque não tenho outra opção, não é mesmo? Então, lamentar e chorar por algo que não posso mudar não faz mais parte do meu comportamento.
E daqui a um ano, quando olhar para trás, estarei apenas lembrando de uma fase difícil em minha vida, mas durante a qual aprendi muitas coisas. Também vou lembrar do carinho com que meus pais, familiares e amigos me ajudaram a passar por tudo. E, por último, mas não menos importante, vou lembrar que essa fase ruim demorou, acabou e fez surgir dela uma Andréa mais forte e determinada a ser cada dia mais feliz.
quinta-feira, 5 de março de 2009
Miscelânea
Hoje estive no Liberal e foi muito bom ver todo mundo. Senti uma saudade imensa daquela movimentação, da necessidade de entregar uma matéria, da correria do dia a dia, da busca pela manchete. Difícil explicar isso a quem nunca ficou afastado do trabalho por doença. E hoje faz exatos 11 meses que estou fora de lá. Só volto em junho, mas já estou extremamente ansiosa por isso. E ser recebida com o carinho que senti hoje me deu mais vontade e ânimo para me recuperar das plásticas o mais breve possível.
Ontem meu dia foi meio triste. Minha amiga Aline, que fez quimio comigo, está novamente com câncer. Ainda não se sabe se é uma metástase ou outro câncer, mas o ponto principal é que, infelizmente, ela terá de fazer o tratamento novamente. Quando falei com ela, que estava chorando, senti mais dor do que no dia em que eu soube que estava doente de novo. Aline é uma pessoa maravilhosa, é casada e tem um filho lindo de 4 anos, e já fez um ano de quimio. Achei muito injusto isso estar acontecendo com ela... mas não adianta pensar assim. Hoje fui vê-la e fazer o que posso fazer nesse momento: mostrar que, mesmo sendo uma segunda vez, não se pode desistir. Venci duas vezes, e tenho certeza de que ela vencerá também.
A doença de Aline me fez refletir sobre algumas coisas que aconteceram nos últimos tempos e nas quais andei gastando tempo e energia sem a mínima necessidade. Minha vida é muito importante para me desgastar por aquilo que não posso resolver, por mais que eu queira. Minha energia é preciosa demais para ser gasta com pessoas que não querem estar ao meu lado ou que não gostam do meu jeito. Sou do jeito que sou e pronto. Acho um saco essa coisa de as pessoas acreditarem que quem tem câncer vira a Madre Teresa de Calcutá: passa a ser tolerante com tudo, não pode reclamar de nada, tem de levantar e todo dia agradecer que está vivo, e tudo no mundo passa a ser insignificante perto do fato de estar novamente bem. É óbvio que sou feliz por estar curada, que agradeço a Deus por isso, mas não sou obrigada a achar que tudo é maravilhoso e virar santa!!!! Acredito que sou uma pessoa melhor, mas não perfeita. Tenho defeitos que fazem parte de mim e não mudarão, nem com câncer nem sem ele. E tive defeitos que se foram depois que tive a doença duas vezes. Um deles era sofrer por antecipação. Não digo que não faço mais isso, mas melhorei muito nesse aspecto. E acho que escrevi demais... Desculpem o tom ácido, mas tem coisa demais na minha cabeça esses dias.
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
37 anos...
Ainda não realizei muitas coisas que queria, como meu famoso sonho de ir ao Egito. Mas, mesmo não tendo realizado todas as coisas que quis, acho que se minha vida acabasse hoje eu ainda assim ia embora feliz. Não que eu quero que minha vida acabe, nem pensem nisso!!!! Se eu tivesse a mínima tendência suicida não teria me submetido à quimioterapia, podem ter certeza disso!!!!!
Sei que estou feliz. O ano começou bem, apesar dos benditos exames que me incomodam profundamente. Semana passada foi um tal de ir e vir de médico que dava gosto!!!! E acho que todo mundo que passa pela experiência que passei, quando sabe que tem exames a fazer, começa a ficar, literalmente, com “o cu na mão”. Não sou diferente de ninguém nem a pessoa mais corajosa do mundo. E fiquei aliviada quando os médicos disseram que está novamente tudo bem.
E minha felicidade depende muito de estar bem também de saúde. Queria como presente de aniversário que os resultados se mantivessem negativos, e isso aconteceu. E chegar aos 37 anos tendo passado duas vezes pelo câncer e despachado a doença em tempo recorde é um orgulho para mim. Orgulho esse que sempre terei ao pensar em como a gente descobre as forças mais escondidas quando precisamos. E essa força eu tive, para amanhã estar comemorando meu aniversário.
E que venham os 38, 39, 40... 70, 80, 90... Com saúde, eu quero viver é muito ainda! Portanto, podem se acostumar com isso, que daqui não pretendo sair tão cedo!