quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Dia de Consulta



Não gosto muito de ir ao Centro do Câncer, como tenho de ir hoje, mas faz parte do meu acompanhamento médico. O lado bom é rever as pessoas queridas que me acompanharam no tratamento e poder dar um oizinho na sala da quimioterapia. Faço questão de entrar em uma sala que muitos evitam após ter alta. Há seis anos eu entrava para receber a medicação, hoje entro para dar um beijo nas meninas que ainda estão ali, enquanto algumas estão em outros setores. Mesmo sem falar diretamente com os pacientes, tenho certeza de que a presença de uma pessoa curada ali lhes dá esperança. Essa foto foi tirada na minha última sessão de quimioterapia. Apesar de abatida, estava muito feliz. Então, presto aqui uma pequena homenagem a essas pessoas que sabem como cuidar de uma paciente com amor, paciência, carinho e respeito, fazendo com que cada um se sinta especial, e com mais vontade ainda de vencer essa doença tão triste. 

domingo, 16 de março de 2014

A beleza de doar felicidade



Cabelo. Parece uma palavra pequena e insignificante, mas para muitas mulheres é o ponto principal de toda sua beleza. Se não estiver de acordo com o que ela quer, pode arruinar seu dia. Se atender suas expectativas, pode garantir um sorriso durante 24 horas. Por tudo isso, a perda dos cabelos entre os pacientes de quimioterapia, quando acontece, na maioria das vezes causa um choque muito grande, que deprime e até mesmo pode atrapalhar o bom andamento do tratamento. Afinal, como se manter com otimismo, quando estamos nos sentindo horríveis?
Falo isso por experiência. Quando tive câncer há seis anos, de tudo que passei o que mais me derrubou foi a perda dos cabelos. Durante três meses chorei muito sofrendo antecipadamente pelo momento em que, quer eu quisesse ou não, os fios iriam começar a cair. Para minimizar o sofrimento, raspei a cabeça. No mesmo minuto em que fiquei careca, toda a angústia se foi. Perto de tudo que estava passando, perder os cabelos era “o de menos”. Mas não parecia assim.
Escrevo sobre isso porque, através de uma amiga que está com uma adolescente de apenas 15 anos doente na família, conheci um grupo de voluntários chamado Cabelegria, que doa perucas a quem não tem condições de comprar uma para usar durante o tratamento. Há cerca de 15 dias comecei a notar várias postagens em redes sociais do grupo, como fotos de pessoas – mulheres, em sua maioria – de todas as idades, raças, classes sociais e lugares do Brasil segurando um rabo de cavalo cortado e sorrindo. Foi então que descobri que o Cabelegria, para fazer seu belo trabalho, recebe doações de cabelo de qualquer tipo, mesmo que esteja com química. A única exigência é que os fios tenham pelo menos dez centímetros de comprimento.
Ver as fotos dessas pessoas sorrindo abertamente, felizes com suas doações, me deixou emocionada. Estamos tão acostumados a ler notícias sobre crimes hediondos, corrupção, escândalos, brigas entre torcidas, enfim, tanta coisa ruim, que quando nos deparamos com uma coisa tão bonita, muitas vezes, sequer prestamos atenção a sua real importância.
Atitudes assim, em meio a tantas crueldades que hoje parecem ser “normais” em nossa sociedade, me fazem ainda ter fé na humanidade. Os voluntários do Cabelegria merecem todo nosso respeito. Somente quem já ficou ou teve uma pessoa querida doente sabe o quanto a perda de cabelo é significativa. Não é “o de menos”, nem “o principal”. Mas é parte do processo que muitos precisam passar para ficarem curados. Quem tiver interesse em ajudar, seja com cabelos ou outro tipo de doação, pode acessar https://www.facebook.com/cabelegria. Os “carequinhas” de todo Brasil, com certeza, agradecem essa ação.


sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Dois meses sem Tamoxifeno


Dois meses sem Tamoxifeno. Mais exatamente, 67 dias sem o remédio que atormentou minha vida durante cinco anos com seus efeitos colaterais. Quais as mudanças percebidas?
Primeiro, fim das cãibras que me atacavam em qualquer horário, às vezes eu estando deitada imóvel. O calor infernal ainda continua, mas os fogachos diminuíram consideravelmente. Ainda continuo bem calorenta, mas sem aquelas ondas que me faziam até passar mal.
Não voltei a menstruar, portanto, meus hormônios ainda estão "perdidos". Nem sei se vou voltar ou se já entrei na menopausa, mas não me preocupo com isso. Para quem nunca quis ter filhos, não produzir óvulos é uma bênção.
Por fim, a vida melhorando. Sei que, após cinco anos, os efeitos ainda demorarão a sair do organismo. Mas aos poucos sei que tudo voltará ao normal com meu organismo. Minha cabeça já está muito melhor... agora, falta meu corpo atingir esse ritmo. Vamos trabalhar nisso!

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Tic Tac - belo apoio à campanha de prevenção ao câncer de mama!

O Tic Tac Brasil me mandou a edição limitada rosa para apoiar a prevenção ao câncer de mama. O mês está acabando, mas a conscientização deve continuar sempre. Aqui, as queridas amigas da redação e da diagramação, que também apoiam a causa! Obrigada, meninas!




E o pessoal da academia também entrou no espírito da campanha de prevenção ao câncer de mama feita pelaTic Tac Brasil! Muito obrigada meus queridos!

Tic Tac Brasil apoiando a prevenção ao câncer de mama!



domingo, 6 de outubro de 2013

Tempo para cuidar de si


Outubro chegou e mais uma vez vemos monumentos em todo mundo se “vestindo” de rosa para lembrar a importância da prevenção ao câncer de mama. Segundo tipo mais frequente no mundo, a doença é a mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom.
Porém, no Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.
Apesar de todas as informações hoje disponíveis sobre o assunto, alguns mitos ainda persistem, como a ideia de que a doença só atinge mulheres acima dos 40 anos. Faço parte de alguns grupos de mulheres que tiveram câncer de mama e já conheci algumas que foram atingidas pelo problema com menos de 25 anos. Apesar de ainda ser relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.
O câncer – de qualquer tipo – é a doença mais democrática que conheço. Ele atinge ricos, pobres, homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos, brancos, negros, amarelos. Não faz distinção de raça, idade, condição social ou gênero. Todos estamos sujeitos a ter essa doença.
Claro que existe a prevenção. Hábitos saudáveis com certeza diminuem o risco de um câncer aparecer. Uma boa alimentação, exercícios físicos, não fumar e não ingerir bebidas alcoólicas contribuem para se tentar evitar a doença. Porém, não existe uma garantia 100% segura. Ninguém pode afirmar com absoluta certeza que não vai ter a doença, mas podemos fazer nossa parte para evitá-la.
Falo isso porque ainda vejo muitas mulheres que não se preocupam com o assunto, deixando de fazer exames periódicos, mesmo já tendo passado da faixa etária dos 35 anos, ou até mesmo aquelas que tiveram casos de câncer de mama na família. O interessante é que, quando converso com elas, a desculpa invariavelmente é a mesma: falta de tempo e esquecimento.

Não concordo com essa justificativa. Arrumamos tempo para tingir nosso cabelo quando os primeiros fios brancos aparecem, se for preciso fazemos o cabeleireiro nos atender fora de seu horário para isso. Arrumamos tempo para fazer as unhas, para a depilação, para as massagens estéticas, para a ginástica. E como não arrumamos tempo para uma consulta anual ao ginecologista? Se conseguimos tempo em nossa agenda semanalmente ou mensalmente para cuidarmos de nossa aparência física, por que é tão difícil conseguir um horário no ano para cuidarmos de nossos seios? Depois que o problema surge, infelizmente temos bastante tempo – em tratamento – para pensar sobre o assunto. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

E a luta continua!


Começo outubro mais uma vez engajada em palestras e campanhas pela luta contra o câncer de mama. E inicio o primeiro dia de outubro parando de tomar Tamoxifeno, que pelos últimos cinco anos me acompanhou diariamente e, a despeito de seus diversos e difíceis efeitos colaterais, impediu que eu tivesse um terceiro tumor.
Diferente de muitas pessoas que preferem esquecer que tiveram câncer quando se curam – decisão que eu respeito muito – eu preferi transformar minha experiência em esperança a quem está doente. Por ter conseguido sobreviver ao câncer duas vezes, acredito que estou qualificada a levar a esperança de cura a muita gente.
Não acho que levar uma palavra positiva me faça uma pessoa melhor ou pior que qualquer outra. Não me considero “guerreira” ou algo do gênero, aliás, busco hoje fugir dessa imagem que se criou de que o doente de câncer tem de ser uma pessoa positiva o tempo todo, como se nossas dores e tristezas tivessem de ficar escondidas por serem encaradas como “fraqueza”. Até hoje tenho momentos em que me pergunto “por que”, momentos esses em que busco nas orações o conforto para o que não posso mudar.
Não vou citar dados de casos de câncer de mama. Apenas deixo a quem ler essa postagem a mensagem para se cuidar muito bem. Para dedicar aos exames preventivos o mesmo cuidado e disposição que se dedica à academia, ao cabeleireiro, à manicure. Que a falta de tempo não seja desculpa para a não realização de exames. E que o autoexame dos seios passe a ser algo frequente, como o retoque que fazemos na tintura dos cabelos. Não é porque nosso seio não está à vista que não deve ser lembrado.

Mais um Outubro Rosa começa com nossa luta para a prevenção ao câncer de mama. Que os casos diminuam e a cura aumente. Esperança sempre!

terça-feira, 17 de setembro de 2013

100% Curada!


100% CURADA! Foram dez anos e meio, desde fevereiro de 2003, quando tive câncer de mama a primeira vez, esperando as palavras "você realmente está curada". Quando estava para ouvi-las em 2008, numa dessas reviravoltas da vida, o câncer resolveu voltar com toda sua agressividade, para me botar medo e mostrar que eu precisaria ser muito mais forte do que na primeira vez. Somando os tratamentos de 2003 e 2008, foram 11 cirurgias, 33 sessões de radioterapia, dez sessões de braquiterapia, oito sessões de quimioterapia. Depois disso, mais cinco anos de um medicamento fortíssimo chamado Tamoxifeno, que finalmente paro de tomar no dia 1º de outubro. A sensação hoje ao sair do Centro do Câncer é indescritível. Acho que posso dizer que, se não é o dia mais feliz, é um dos mais felizes da minha vida. A vontade é de sair gritando pelas ruas "sim, eu consegui passar a barreira dos cinco anos sem o câncer voltar!". Quem teve câncer sabe do que estou falando. E quem não teve acredito que consiga sentir minha felicidade e entender o alívio que encheu minha alma. Dormir sabendo que as chances de um retorno agora são mínimas, praticamente as mesmas de uma pessoa que nunca ficou doente, é um presente de Deus maravilhoso! E isso foi possível aos médicos fantásticos que me atenderam e me curaram - meu mastologista João Valcir Pratti e minha quimioterapeuta Ana Lúcia Leisner, além do radioterapeuta doutor Leonardo - aos meus pais, que fizeram o possível e o impossível para que eu recuperasse minha saúde, aos meus irmãos, minhas sobrinhas, minha família e meus amigos. Sou uma pessoa privilegiada por ter tido tanto apoio, e ter conseguido ficar curada duas vezes dessa doença terrível. E, claro, agradeço acima de tudo a DEUS, que me ajudou a ter forças para passar por tudo isso com coragem! Por isso, as duas fotos mostram o passado e o presente - com a certeza de muitos sorrisos no futuro. Hoje o dia é de celebração à vida!