Chegamos a outubro e em vários pontos do país vemos monumentos,
prédios públicos e históricos se iluminarem de rosa para chamar a atenção para
o segundo tipo de tumor que mais mata no Brasil: o câncer de mama. Este ano,
segundo dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer), teremos 52.680 casos
novos da doença, com um risco estimado de 52 casos a cada 100 mil mulheres. Apesar
de ser considerado um câncer de relativamente bom prognóstico se diagnosticado
e tratado oportunamente, as taxas de mortalidade por câncer da mama continuam
elevadas no Brasil, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada
em estádios avançados. A sobrevida média após cinco anos na população de países
desenvolvidos tem apresentado um discreto aumento, cerca de 85%. Entretanto,
nos países em desenvolvimento, a sobrevida fica em torno de 60%.
Uma coisa que aprendi quando tive câncer foi que essa é uma doença
democrática, porque não escolhe cor, classe social ou religião. Acomete tanto
mulheres que se encontram em suas faixas de risco, quanto aquelas que não se
encaixam em nenhum dos requisitos para que a neoplasia se instale. O mais
assustador nos dados acima é que a maioria dos casos poderia ser tratada logo
no início, mas é descoberta muito tarde.
Tenho amigas da minha faixa etária e até mais velhas do que eu que
“esquecem” de ir ao ginecologista durante o ano. Outro dia conversei com uma
colega que me confessou estar há três anos sem fazer nenhum exame preventivo.
Com pouco mais de 40 anos, essa amiga disse que acaba sempre deixando os exames
para depois, e acaba se esquecendo de marcar o médico.
A rotina do autoexame e a mamografia ainda são as maneiras mais
eficazes de se detectar o problema logo no começo, quando o tratamento é menos
invasivo e as sequelas das cirurgias e tratamento são menos devastadoras. Mas
parece que as mulheres ainda não entenderam que “perder” 10 a 20 minutos uma
vez por mês para fazer o autoexame é na verdade ganhar a segurança de que está
tudo bem e, se não estiver, vencer a doença ainda em seu início. Ainda me
impressiono em ver que perdemos duas horas no cabeleireiro, que ficamos uma
hora e meia sentadas fazendo a unha, mas que não nos preocupamos em arrumar duas
horas para um exame tão importante como a mamografia. Não nos importamos em
gastar com cabelo, unha e maquiagem, mas sempre achamos caro quando se trata de
pagar um exame para nosso bem estar. Exame esse que pode ser feito pela rede
pública de saúde.
Muita gente acha que vestir o rosa não vai mudar nada. Mas eu sei que,
em outubro, quando olhamos aquele rosa estampado em vários lugares, nos
lembramos desses exames tão importantes. Se esse movimento conseguir com pelo
menos uma mulher faça o autoexame, ele já terá valido a pena.
Um comentário:
menina, cade você? Por favor nos mande noticias...
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