segunda-feira, 18 de abril de 2011

Instituto do Câncer de São Paulo usa nova tecnologia para combater tumores

Apesar de ainda não haver prazo para a chegada do aparelho à rede pública, considero uma boa notícia para os doentes de câncer:

Um novo equipamento começou há um mês a ser usado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), de forma experimental, para combater miomas (tumores benignos) e metástases ósseas. O Hifu, sigla de high intense focus ultrassound, é um aparelho de ultrassonografia acoplado a um aparelho de ressonância magnética que, depois de mapear o corpo do paciente e localizar o tumor com exatidão, aplica ondas de alta intensidade que atingem só a área lesionada, não provocando danos ao redor. O tratamento dura de três a quatro horas e dispensa anestesia ou incisões.
Por enquanto, apenas pacientes selecionados estão tendo acesso ao tratamento, que deve abrir caminho para a pesquisa na área no País, já que o Icesp é o primeiro hospital público a ter acesso ao equipamento que custa R$ 1,5 milhão. O diretor da Radiologia do Icesp, Marcos Roberto de Menezes, explica que o ultrassom libera uma energia 20 mil vezes mais intensa do que a usada para diagnósticos. “Com isso, tenho a possibilidade de direcionar essa energia a um ponto, apenas guiado pela ressonância. Quando a energia chega ao tecido, ela aquece e eleva a temperatura do tecido até 80 graus centígrados, o que leva à destruição dele”.
Menezes disse que o paciente submetido ao tratamento vai para casa no mesmo dia, com recuperação praticamente instantânea e com possibilidade de retomar as atividades normais.
No caso da metástase óssea, o paciente frequentemente sente dores que afetam a qualidade de vida. “A ideia, nesse caso, é retirar a dor desse paciente. Frequentemente, a dor cessa imediatamente depois do tratamento”. No caso do mioma, o tumor é queimado e eliminado pelo organismo.
A dona de casa Ana Maria Alho Arruda, 52 anos, foi uma das seis mulheres que tiveram o mioma eliminado pelo Hifu. Ela conviveu com o problema durante um ano e meio, sofrendo com dores e hemorragias. “Eu entrei na máquina como se fosse fazer um exame de ressonância. Me deram uma leve sedação, mas fiquei consciente. Senti dores semelhantes a cólicas, mas suportáveis. Depois de três horas, saí normalmente, esperei uma hora e meia para a recuperação e fui para casa andando. Hoje levo uma vida normal, curada do mioma”.
Ainda não há previsão para incorporar de maneira ampla a nova tecnologia ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Além de ser uma tecnologia de alto custo, ela é de alta complexidade, exige capacitação de pessoas, treinamento. Isso é só um início de uma tecnologia que promete abrir novas fronteiras de possibilidades terapêuticas”, ressalta o diretor do hospital.

Matéria publicada hoje no site da Agência Brasil (repórter Flávia Albuquerque)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Miss questiona cultura da beleza após superar câncer

Olá amigos! Li essa notícia hoje pela manhã, e me senti muito identificada com a Eva. Maravilhosa lição de vida, e principalmente de que nossos valores precisam sempre estar acima da pura e simples aparência!

Abraço a todos!


Miss questiona cultura da beleza após superar câncer

María José Benavente

Eva Ekvall foi Miss Venezuela em 2000, mas um câncer mudou sua vida e sua percepção de mundo, e agora ela questiona o uso da medicina como investimento em beleza, e não para prevenir e curar doenças, em um país com tradição nos desfiles de passarelas.

Com o cabelo ainda curto, resultado do câncer de mama que acaba de superar, Eva, hoje com 28 anos e apresentadora de televisão, trava uma cruzada particular para sensibilizar o público sobre um drama que abordou em um livro que compila e-mails e mensagens que publicou durante o tratamento.

"Já sei como é se sentir não tendo um fio de estupidez", publicou Eva no dia 10 de março em sua conta no microblog Twitter, após raspar o cabelo, tal como ela conta em seu livro.

Na Venezuela, "se investe muito dinheiro em beleza, e não em saúde", afirma a modelo, que promove a prevenção em saúde como outra forma "de se cuidar fisicamente", isto é, de investir na beleza. "Se você está doente, não se verá bonita".

Com apenas 27 anos, Eva recebeu a notícia de que tinha câncer de mama e, durante oito meses, enfrentou o penoso tratamento da doença acompanhada de familiares e amigos, e sem deixar o trabalho de apresentadora de uma das principais emissoras de televisão do país.

A ex-miss lembra que, quando soube que tinha câncer, se incomodou com si própria por não ter ido antes a um médico, sabendo que sua avó havia morrido da mesma doença e que sua tia também tinha sofrido o tumor em outras duas ocasiões.

"Quando soube que estava doente, deixei de gostar de meus seios, pois eles tinham esta doença", ressaltou Eva, que até então achava os seios uma das partes mais agradáveis de seu corpo.

Eva, uma ex-miss pouco tradicional, viu sua vida mudar desde a época em que foi declarada mulher mais bela da Venezuela e uma das mais belas do Universo. E, desde o começo da carreira, demonstrou interesse em se dedicar ao jornalismo.

"Eu fui miss há 11 anos, portanto nem sequer se pode dizer que sou uma miss, tinha 17 anos. Agora tenho 28 e não tenho nada a ver com essa menina que fui", assinala.

Sem deixar de reconhecer a importância do cuidado com a aparência, a ex-miss passou a se dedicar à tarefa de divulgar as precauções que é preciso ter com doenças como o câncer de mama e a importância de diagnosticá-las a tempo.

"Todas as mulheres, de certo modo, damos importância ao físico, mas para mim era uma questão de sobreviver, e isso já não era mais importante", diz Eva.

A antiga protagonista das passarelas hoje colabora como porta-voz da ONG Seios Ajuda, uma entidade venezuelana destinada a prestar apoio a vítimas do câncer de mama e informações para preveni-lo nas mulheres venezuelanas.

Foi justamente a organização que propôs a Eva publicar em livro como foram as etapas do processo que teve de enfrentar, com fotos do conhecido fotógrafo venezuelano Roberto Mata, imagens essas que depois se transformariam, junto aos e-mails que a modelo trocou com a família, no livro "Fuera de Foco" ("Fora de Foco", em tradução livre).

Na maioria dos textos que aparecem no livro, Eva demonstra a força que teve ao enfrentar a doença, porque não quis "dramas de nenhum tipo", e considerou que os que mais sofrem nesses casos são os familiares.

No entanto, a modelo afirma que também houve momentos em que ela teve recaídas, porque, ao contrário do que se vê, as misses também choram. Ela indica que "o pior" da experiência foi não poder abraçar sua filha no primeiro aniversário dela, pouco tempo depois de se submeter à mastectomia.

Eva também aproveita para agradecer os gestos de carinho de anônimos que chegaram a cortar o cabelo para doá-lo, em solidariedade a Eva e a todas as vítimas do câncer de mama.

Ela espera que seu livro ajude a sensibilizar mulheres que pensam em fazer implante de silicone na Venezuela, um país onde este tipo de cirurgia é corrente. "O bom é que o médico, se for profissional, terá antes de fazer uma mamografia", comenta Eva.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Isenção do ICMS nos medicamentos contra o câncer

Pessoal, achei ótimo esse artigo. Santa Catarina está dando um ótimo exemplo para ajudar os pacientes de câncer. Resta agora os outros Estados seguirem essa atitude consciente e benéfica, que pode ajudar a salvar muitas vidas.

Isenção do ICMS nos medicamentos contra o câncer

O governador do Estado de Santa Catarina - Raimundo Colombo, assinou um decreto que isentam de ICMS (dentro do estado), os remédios usados no tratamento quimioterápico de câncer.
O Estado abriu mão da arrecadação de R$ 10 milhões por ano, no entanto, barateou em 17% o valor dos medicamentos e essa redução terá forte impacto no bolso das famílias que têm pacientes em tratamento. Na tributação de medicamentos, o ICMS é o imposto que mais pesa, com alíquota média de 17,5%. Para se ter noção, os medicamentos veterinários no Brasil possuem uma carga tributária total de 14,3%, contra 33,9% dos medicamentos vendidos em farmácias, e a média mundial é de apenas 6,1%.
Em países vizinhos (Argentina e Colômbia), não há imposição tributária sob medicamentos. Já no Brasil, três são os principais tributos cobrados dos medicamentos - ICMS, Cofins e Contribuição Previdenciária (INSS). Além desses, são cobrados tributos sobre as vendas (PIS, IPI e ISS), imposto sobre a renda, imposto sobre o patrimônio (como IPTU e IPVA), taxas federais, estaduais e municipais, tributos financeiros (CPMF e IOF), tarifas de importação, etc.
Se considerarmos apenas o peso dos tributos sobre o valor agregado (PIS, Cofins e ICMS), verifica-se que no nosso país a incoerência tributária é absurda, pois, indústria farmacêutica no Brasil apesar de fabricar produtos de essencialidade indiscutível é a segunda mais taxada do país - 57,31%, em total dissonância com os demais setores, como o agropecuário - 9,94% ou o financeiro - 28,04% (PIS, Cofins e ICMS).
Apesar da constitucionalidade dos tributos, a carta magna proclama o direito à vida, cabendo ao Estado assegurá-lo em sua dupla acepção, sendo a primeira relacionada ao direito de continuar vivo e a segunda de se ter vida digna quanto á subsistência.
E a tributação exacerbada de produtos essenciais a manutenção da vida violam frontalmente o bem jurídico maior (vida), por cuja integridade deve se velar, de maneira responsável, não se cogitando a hipótese de converter-se em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado.
Finalmente, a essencialidade do direito à saúde fez com que o legislador catarinense qualificasse como cotas de relevância pública, as ações e serviços à saúde, em ordem a legitimar a desoneração do ICMS sobre medicamentos contra o mal do câncer.
Decisão louvável, afinal, o direito à saúde além de qualificar-se como direito fundamental que assiste a todas as pessoas - representa consequência constitucional indissociável do direito à vida, e o Poder Público, qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da organização federativa, não pode se mostrar indiferente ao problema da população, sob pena de incidir em omissão e grave comportamento inconstitucional.

*** Artigo escrito pelo advogado do escritório Fernando Quércia Advogados Associados, Bruno de Almeida Rocha.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sem heroísmo, com garra

Amanhã é comemorado o Dia Mundial de Combate ao Câncer. Pode parecer que não, mas há muitos motivos a se comemorar nesse dia. As chances de cura, principalmente nos casos em que a descoberta da doença ocorre no início, têm aumentado consideravelmente nos últimos anos. A sobrevida também é maior, novos medicamentos têm sido desenvolvidos e muitas pesquisas são realizadas para que os efeitos da quimioterapia sejam minimizados e os doentes possam passar pelo tratamento sem tantos efeitos colaterais.
Quando tive câncer a primeira vez, em 2003, minhas chances eram de 90% de cura. Em 2008, na segunda, elas haviam caído para 50%. Ainda assim, consegui ficar curada de novo seis meses, contrariando prognósticos que me colocavam na cama por pelo menos um ano e meio. Fiquei durante mais nove meses fazendo cirurgias plásticas, mas da doença eu estava livre.
Acho engraçado que se criou uma imagem hoje de que o doente de câncer é um herói e enfrenta tudo com uma coragem fora do comum. Não acho que o doente de câncer seja um herói, e falo isso por mim. Lutei com muita garra para ficar curada, procurava sempre ter fé e acreditar que tudo ia acabar bem. Tentei mostrar sempre uma imagem de positivismo, até porque reclamar e me lamentar não iria resolver absolutamente, e agir assim não é do meu perfil. Teria sido muito mais fácil adotar o papel de “coitadinha” que está doente pela segunda vez, e ninguém iria me recriminar. Mas acredito que o bom humor e o alto astral ajudam a cura – claro, são coadjuvantes do tratamento, que é o mais importante de tudo. Não me vejo como heroína – até porque acho isso injusto com quem não conseguiu vencer a doença. Quer dizer que essa pessoa não batalhou como eu? Claro que não. Infelizmente, há casos sem cura, independente do quanto a pessoa lute por ela.
Também existe uma corrente que credita todo e qualquer tipo de tumor a problemas psicossomáticos, principalmente a mágoas guardadas. Ou seja, além de estar doente, a culpa é da própria pessoa, que foi incapaz de perdoar alguém. Como se ela estivesse sendo castigada, a doença vem para mostrar que é preciso mudar, ter o coração mais leve e, principalmente, saber perdoar a todos. Se isso fosse realmente verdade, como existem casos até de bebês que têm câncer? Será que uma criança de poucos meses já tem ressentimento suficiente para desenvolver essa doença terrível?
O paciente de câncer não vira santo porque teve a doença. Não passei a acordar todos os dias e achar o mundo maravilhoso e perfeito porque sobrevivi. Mudei muitos conceitos, e acredito ser uma pessoa melhor. Mas não mudei minha essência nem meus valores, e em algumas situações me tornei até uma pessoa mais intolerante. Isso não significa que não tenha aprendido nenhuma lição. A mais importante é que procuro viver todos os dias da melhor maneira possível. Posso errar, mas procuro acertar. Não virei santa nem heroína. Sou apenas alguém que sobreviveu.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Tamoxifeno e a vista

Semana passada fiquei num stress horroroso por causa da minha vista. O Tamoxifeno, que já me causa tanto efeito colateral, agora deu para ressecar meus olhos. Desde fevereiro que pingo colírio sei lá quantas vezes ao dia, e gel para os olhos não ficarem tão ressecados. Só que enxergo tudo bem embaçado sem óculos. Estive na segunda em Ribeirão para ver se a vista estava melhor. Continua a mesma coisa, mas pelo menos não piorou. O medo de ter piorado era enorme. Afinal, se piorasse, teria de parar o Tamoxifeno, aumentando terrivelmente as chances de uma nova recidiva. Fiquei sem dormir a semana toda. Meu medo era tão grande que domingo fiz uma promessa: se tudo estivesse pelo menos igual à primeira consulta, eu ficaria um ano sem tomar cerveja. Agora, vou tratar de cumprir a promessa!