segunda-feira, 28 de julho de 2008

Independência

Olá pessoal...
Queria dizer que minha vida está, aos poucos, voltando ao normal... Tenho apenas mais duas quimios, mas já estou sentindo o gostinho de estar retomando, aos poucos, o comando do que posso ou não fazer.
Esta semana me permiti sair quinta, sexta e hoje. Olha eu baladeira de plantão de novo! E foi muito, muito bom, o sentimento que tive ao fazer uma coisa tão simples, mas que sempre me deu muito prazer: dirigir. E mais ainda com meu carro novo lindo maravilhoso! O melhor de tudo foi não depender mais de ninguém para me locomover. Poder sair ouvindo música, estacionar e ver que, apesar de a cirurgia ainda incomodar um pouco, dependendo do movimento, ela não me impede de ir e vir.
Pode parecer pouco, mas é muito para quem, nos últimos dois meses, dependeu dos outros para poder dar uma volta. Mais importante de tudo foi a sensação de liberdade que tive ao sair e voltar como sempre fiz, sem me preocupar que estou deixando alguém me esperando, que estava na DEPENDÊNCIA de alguém. Porque, ser independente, mesmo que aos poucos, é muito bom. E quem me conhece sabe que ser dependente, para mim, é algo inconcebível. Ainda dependo de ajuda para muita coisa, mas pelo menos posso ir e voltar sem ter de pedir a ninguém.
Aliás, tenho de agradecer muito ao meu pai, que tem sido meu "chofer" nestes últimos tempos, e também àqueles que, quando precisei, vieram me buscar em casa para sair.
Também tenho de agradecer minha mãe, que tem feito tudo para mim em casa, principalmente para que minha recuperação seja o mais rápida possível.
Queria aproveitar também e agradecer a todos vocês que, de uma forma ou outra, estão me dando uma força enorme para passar por tudo isso. Cada e-mail que recebo, cada telefonema e cada visita têm um significado especial. Cada gesto de apoio se transforma em uma energia positiva muito grande, que me impulsiona a terminar logo este tratamento, para que em breve minha vida volte ao normal. Sem meus pais, minha família, e meus amigos, não sei como teria conseguido chegar até onde cheguei neste momento.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Ausência

Talvez vocês tenham estranhado meu sumiço, mas tudo tem uma razão de ser neste mundo. Minha segunda quimio definitivamente conseguiu me derrubar. Conseguiu, se isso era possível, ser pior que a primeira. Para começar, meu pânico de agulhas, que estava até controlado, ressurgiu com força total e foi preciso duas enfermeiras segurarem minha mão para que a tão temida picada pudesse ser feita. Não que eu estivesse sendo segurada por outras pessoas, mas o medo era tão grande que por puro reflexo eu acaba puxando a mão e com isso era impossível fazer a aplicação.
Depois passei mal, muito mal mesmo, durante quatro dias seguidos. Cheguei a pensar que, se todo o mal estar era uma maneira de Deus estar me castigando, que ele podia parar, porque eu já havia entendido o recado e com certeza me tornaria uma pessoa melhor. Melhor em que, me pergunto agora? Não roubo, não matei ninguém, sou honesta, trabalhadora, companheira (haja visto o número de amigos que tenho), enfim, não sou perfeita, mas não vejo defeitos que justifiquem um castigo. Claro que depois me toquei de que Deus não castiga ninguém que não mereça, e se tenho de passar por isso é porque ninguém pode estar em meu lugar.
Por fim, acabou tudo. Esta semana ainda fiquei com dor no corpo e desânimo, mas quarta-feira me animei e acabei até mesmo indo fazer um corte moderno em minha peruca, que ficou um show, diga-se de passagem. Ontem já dirigi meu carro novo pela primeira vez, e até mesmo saí à noite para um papo bem gostoso com meu amigão Celso. Hoje, se tudo der certo, estarei num happy hour com a Paulinha, para voltar aos velhos tempos de antes do câncer atrapalhar minha vida mais uma vez.
Câncer esse que já se foi, e tenho motivos para comemorar agora. Faltam apenas duas sessões para essa parte do tratamento acabar. Se tudo der certo, final de agosto me livrei da quimio. Depois, tem mais cirurgias, mas nada que me deixe deprimida. E, do jeito que a coisa está indo bem, fecharei 2008 com o saldo positivo: mais uma vitória contra essa doença, e minha saúde restabelecida para as festas de fim de ano. Aleluia!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Fiquei uma careca lindona!

Olá pessoal!!!! Depois de muito sofrer, chorar, até sonhar com a queda dos meus cabelos, eles finalmente se foram ontem à tarde, com a passada de máquina zero pela cabeça. Quando pensei que ia sofrer de verdade, na hora em que me olhasse no espelho, toda a angústia que vinha sentindo desde que soube desse efeito da quimio passou. O melhor: fiquei uma careca lindona!!!!! Vou usar peruca sim, mas descobri que não me senti mal ao sair na rua hoje com lenço e depois com um chapeuzinho muito charmoso. Quem quiser olhar que olhe, estou fazendo tratamento e pronto!
Também descobri que tenho várias pequenas cicatrizes, resultados da minha infância serelepe (eufemismo para levada da breca ou "da pá virada")... risos... Minha mãe disse que eu vivia caindo de tanto aprontar, e a cada vez que ia ao médico ele perguntava de onde vinham tantos galos! Acho que agora sei de onde saiu esse meu espírito meio "fora do ar"... risos...
Pois é, amigos! Sofri o que tinha de sofrer, e agora acabou. Acho que na verdade eu canalizei para a perda dos cabelos toda a tristeza que estava sentindo por estar doente de novo. E descobri que minha força ainda continua intacta, ou melhor, até cresceu depois de ontem, e me fez sentir como está escrito em meu msn: curada, careca, lindona e FELIZ!