sexta-feira, 25 de abril de 2008

Burocracia

A gente espera que tudo se resolva da maneira mais rápida possível. Depois do diagnóstico, a vontade é ser operada, começar a rádio e a quimio, e rezar muito para que os dias passem voando, assim o tratamento termina e a vida retoma ao normal. Mas é claro que a burocracia dos nossos planos de saúde empata isso.
Dados o diagnóstico e a opção de tratamento (no meu caso não tem mais de uma opção, então é encarar e pronto), vamos às consultas com quem vai cuidar de mim, além do meu mastologista. Com o radioterapeuta foi tudo tranqüilo, tirando o fato de que os tais cateteres que serão colocados no lugar da operação são importados, custam caro pra caramba e serão pedidos ao convênio. Aí vem a busca pelo cirurgião plástico, já que vamos tirar um seio todo e colocar a gordura da barriga no lugar. Até que tem uma coisa boa nisso tudo: saio turbinada e sem barriga!
Ainda não vi o tal cirurgião, a consulta é amanhã, mas sei que ele é um dos melhores, se não o melhor, naquilo que faz. Depois dessa consulta, teoricamente, é ver o horário que bate na agenda dele com a do radioterapeuta e com o do mastologista. Enfim, três profissionais estarão cuidando para que eu tenha o maior sucesso na cirurgia.
Até aqui nada de burocracia. Mas hoje descubro que, para meu convênio liberar a cirurgia, tenho de passar por uma perícia médica! E que vem a ser a tal da perícia? Pelo que sei, levar todos os laudos médicos e um relatório do mastologista explicando o por que preciso da cirurgia. E para que tudo isso? Ainda não entendi, afinal, o auditor não vai me abrir de novo nem pegar o nódulo que foi ao laboratório para ele mesmo examiná-lo. O que ele vai fazer é ler um relatório médico, que está claramente explicando minha situação. Então, por que cargas d’água eu tenho de estar presente? Será que, olhando para a minha cara, ele vai saber ou não se estou realmente doente? Será que examinando meu seio externamente ele vai sentir a doença? Ou será que tudo isso existe apenas para que a gente se sinta ainda mais impotente do que se sente quando está com câncer?

Um comentário:

Anônimo disse...

Querida Andréa,
Achei fantástica sua decisão de criar um Blog. Já sou seu leitor de "carteirinha". A exposição de seus sentimentos, pensamentos, as fases do tratamento, enfim, tudo o que você publicar, seguramente será uma valiosa ferramenta que poderá contribuir para desmistificar a idéia muitas vezes equivocadas, a ignorância e até mesmo o preconceito à doença e principalmente sobre pessoas envolvidas.
Estou certo que sua vitória será a vitória de todos nós, seus amigos.
Por fim, quero ressaltar que a linguagem, o estilo e a forma que você discorre sobre os textos, mostam o talento da competente jornalalista, e revela o surgimento de uma escritora. Beijos.

Tio Wande