Hoje estou numa "felicidade irritante" ou, como disse uma vez Jamelão, "feliz que nem pinto no lixo", ou, como diz minha prima Zil, tendo de dar nó no sorriso para ele não sair do rosto. Amanhã, finalmente, termino as quimioterapias. Durante alguns dias estarei passando pela QFW (Quimio Fucking Week), mas é a última vez. Foram apenas quatro, número pequeno se comparado às pessoas que fazem o tratamento por anos, mas suficiente para me curar e me livrar, se Deus quiser, para sempre de ter um câncer novamente.
Todos vocês têm acompanhado desde o primeiro momento minha luta contra esta doença. Desde abril venho lutando contra ela e a cada dia me vejo mais forte. Mais forte porque consegui, pela segunda vez, sair dessa. Mais forte porque, mesmo quando veio o diagnóstico de uma situação grave, eu consegui dar a volta por cima e encarar a luta sem medo. E mais forte porque, nesse período, pude ajudar, com meu exemplo, muita gente que está passando pelo que passei, coisa que pretendo fazer mesmo quando tudo estiver definitivamente acabado.
Sinto como se estivesse entrando numa nova fase da minha vida. Tenho de refazer todos os exames e estou calma, com confiança de que tudo acabou realmente. E agora, alguns devem estar se perguntando, o que acontece? Tudo volta ao normal? Não já, porque ainda tenho as cirurgias reconstrutoras. Essas eu farei com gosto, na certeza de que estou nas mãos de um ótimo cirurgião, que me deixará tão bonita e perfeita quanto antes. E meu cabelo, que eu tanto sofri quando soube que ia perder, logo voltará a crescer. Pode até ser que mais forte e encaracolado... risos... Quem sabe estarei com um novo visual no fim do ano?
Penso em tudo isso e me sinto uma pessoa muito abençoada por Deus. Se eu não tivesse decidido fazer um exame antes do tempo, exame esse que seria feito apenas em outubro, jamais teria descoberto que estava com câncer de novo tão rapidamente e, quando isso ocorresse, a situação poderia ser mais grave. Àqueles que acreditam em milagre, eu digo que esse foi o milagre que houve comigo. E, por mais que eu tenha ficado de mal Dele no começo, hoje estou em paz e agradeço todos os dias pela minha cura, pela força que Ele me deu e por tudo de bom que recebi nesse período: ligações, visitas, abraços, carinhos de muita gente que eu nem mesmo imaginava que tivesse tanto amor por mim. Por pior que tenha sido, esse período também vai me deixar boas lembranças do quanto minha família e meus amigos estiveram incondicionalmente ao meu lado. Sou uma privilegiada por poder contar com tantas pessoas torcendo por mim. E espero um dia, em outra situação, poder retribuir tudo que todos fizeram por mim nessa fase tão difícil da minha vida.
Uma amiga que passou pelo que estou passando me mandou um texto sobre a quimioterapia. Faço dela as minhas palavras:
Adeus à quimioterapia
Hoje é dia de dizer adeus. Durante esses seis meses você foi uma amiga cruel, mas ainda assim, preciso lhe agradecer. Uma amiga que faz o mal para causar o bem... que machuca muito para curar... que destrói para salvar... Ainda sentirei sua presença nefasta durante muito tempo, mas o fato de dizermos adeus hoje me traz muita alegria... É a libertação de um tempo de muitas dores e sofrimentos, de muitas dificuldades e humilhações... mas que também propiciou muitas descobertas, muito fortalecimento espiritual. Colocando na balança, sei que o saldo foi positivo. Você me trouxe a cura, e de quebra, o crescimento, o entendimento. Despeço-me sem saudades, mas com toda reverência. E, embora eu não deseje nem ao meu pior inimigo que venha a experimentar você, que a sua atuação possa ajudar a curar milhares de outras pessoas mundo afora, enquanto a medicina não encontra uma forma menos agressiva de tratar desse mal. Adeus... E, apesar de tudo... muitíssimo obrigada...
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