Outubro chegou e mais uma vez vemos monumentos em todo mundo se
“vestindo” de rosa para lembrar a importância da prevenção ao câncer de mama. Segundo
tipo mais frequente no mundo, a doença é a mais comum entre as mulheres,
respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado
oportunamente, o prognóstico é relativamente bom.
Porém, no Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam
elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estádios
avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.
Apesar de todas as informações hoje disponíveis sobre o assunto, alguns
mitos ainda persistem, como a ideia de que a doença só atinge mulheres acima
dos 40 anos. Faço parte de alguns grupos de mulheres que tiveram câncer de mama
e já conheci algumas que foram atingidas pelo problema com menos de 25 anos.
Apesar de ainda ser relativamente raro antes dos 35 anos, acima desta faixa
etária sua incidência cresce rápida e progressivamente.
O câncer – de qualquer tipo – é a doença mais democrática que conheço.
Ele atinge ricos, pobres, homens, mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos,
brancos, negros, amarelos. Não faz distinção de raça, idade, condição social ou
gênero. Todos estamos sujeitos a ter essa doença.
Claro que existe a prevenção. Hábitos saudáveis com certeza diminuem o
risco de um câncer aparecer. Uma boa alimentação, exercícios físicos, não fumar
e não ingerir bebidas alcoólicas contribuem para se tentar evitar a doença.
Porém, não existe uma garantia 100% segura. Ninguém pode afirmar com absoluta
certeza que não vai ter a doença, mas podemos fazer nossa parte para evitá-la.
Falo isso porque ainda vejo muitas mulheres que não se preocupam com o
assunto, deixando de fazer exames periódicos, mesmo já tendo passado da faixa
etária dos 35 anos, ou até mesmo aquelas que tiveram casos de câncer de mama na
família. O interessante é que, quando converso com elas, a desculpa
invariavelmente é a mesma: falta de tempo e esquecimento.
Não concordo com essa justificativa. Arrumamos tempo para tingir nosso
cabelo quando os primeiros fios brancos aparecem, se for preciso fazemos o
cabeleireiro nos atender fora de seu horário para isso. Arrumamos tempo para
fazer as unhas, para a depilação, para as massagens estéticas, para a
ginástica. E como não arrumamos tempo para uma consulta anual ao ginecologista?
Se conseguimos tempo em nossa agenda semanalmente ou mensalmente para cuidarmos
de nossa aparência física, por que é tão difícil conseguir um horário no ano
para cuidarmos de nossos seios? Depois que o problema surge, infelizmente temos
bastante tempo – em tratamento – para pensar sobre o assunto.