segunda-feira, 15 de julho de 2013

Fortalecendo estigmas


As redes sociais e sites essa semana foram tomados por uma avalanche de notícias sobre a atriz Mariana Ruy Barbosa, cuja personagem Nicole, na novela “Amor à Vida”, tem câncer e, por conta disso, iria ficar careca durante o tratamento. A grande discussão que tomou conta das redes e sites era: ela deve ou não ficar careca? Para quem não sabe – eu mesma não sabia – Mariana tem longos cabelos ruivos, que se tornaram “objeto de desejo” de milhares de mulheres em salões de beleza. A atriz chegou, inclusive, a recusar R$ 1 milhão para tingir as madeixas, o que demonstra sua preocupação com esse símbolo de feminilidade tão valorizado pelas mulheres.
Não assisto novela e nem sabia quem era Nicole até essa avalanche de notícias sobre ela cortar ou não o cabelo. Porém, ao ler sobre o assunto e o drama que estavam fazendo sobre o fato, fiquei pasma em ver como o estigma de uma pessoa ficar careca por conta do câncer é extremamente forte em nossa sociedade. Para acabar com a polêmica, o autor da novela, Walcyr Carrasco, anunciou então que ela não vai mais raspar a cabeça, e que terá uma “história linda” na trama.
Poderia falar aqui que a atriz mostrou total falta de profissionalismo agindo assim, afinal, se sabia que sua paciente tinha câncer e iria ficar careca, não podia no meio do caminho mudar de ideia. Mas se ela resolveu ser apenas mais um rostinho bonito entre os globais, e não uma profissional como Carolina Dieckmann – que não hesitou em raspar a cabeça em “Laços de Família”, em uma cena que marcou na televisão brasileira – não é o ponto principal para mim.
O que me deixou incomodada com o assunto foi o fortalecimento do estigma de que a mulher com câncer, se já não bastassem todos os problemas da doença, ainda tem de lidar com a perda dos cabelos, o que mexe bastante com sua autoestima. Milhares de mulheres assistem novela, muitas delas passando pelo câncer nesse momento. Ao invés de ajudá-las a superar esse estigma, o autor preferiu reforçar um preconceito já existente.
Walcyr Carrasco demonstra, com sua atitude, que ficar careca é a pior coisa do mundo. "Belo" exemplo a tantas mulheres que passam por quimioterapia e, diferente de uma novela, não têm a opção de manter seus cabelos. Um total desserviço às mulheres que sofrem com essa doença que já tantos estigmas nos traz! E falo "nos" porque, como ex-paciente de câncer de mama, sei como é duro enfrentar a queda dos cabelos. Claro que não é o principal durante o tratamento, até porque cabelo cresce de novo, mas ainda assim é um baque tremendo, difícil de ser aceito e que nos deixa mais deprimidas ainda quando estamos doentes. Walcyr Carrasco poderia ter feito a diferença, mas decidiu fortalecer um estigma difícil de ser enfrentado.

sábado, 6 de julho de 2013

Quatro anos de volta à rotina!



Há exatos quatro anos, após um ano e três meses de licença médica, voltava a trabalhar na redação do Liberal. De lá para cá passei por quase todas as editorias, e há dois anos e meio, por indicação do meu chefe, Carlos Ventura, encontro-me hoje na editoria de Cultura, que amo fazer. Passados quatro anos do retorno ao trabalho - e consequente volta à vida normal depois de um câncer de mama - posso dizer que sou feliz principalmente por saber que essa data significa, acima de tudo, SAÚDE! Por isso que, nos plantões - como hoje - procuro estar sempre de bom humor. Claro que é mais gostoso estar de folga em final de semana e feriado, mas é infinitivamente melhor estar trabalhando do que doente na cama. E sou feliz também porque trabalho em uma redação onde a amizade e mais pura trairagem imperam, onde tenho bons amigos e, apesar da correria do dia a dia, também me divirto. Que venham mais quatro, oito, dezesseis, trinta e dois anos... todos com a mais perfeita saúde!