domingo, 17 de maio de 2009

Amigos distantes – e mais que presentes

Não entendo pessoas que criticam aquelas que possuem amigos virtuais. Falo isso até em nome próprio, porque tenho muitos amigos virtuais, alguns que se tornaram reais e hoje fazem parte de minha vida como todos aqueles que conheci na escola, faculdade, bares, enfim, nos lugares ditos “normais” de se conhecer pessoas.
Pode parecer que o tema está batido, que amigo virtual hoje é coisa comum, mas não é. Não quero aqui fazer um tratado sociológico ou psicológico sobre o assunto (que já deve existir), mas falar sobre o que esses amigos virtuais representam não somente para mim, mas para todos que se dispõem a conversar com aqueles que conhecem em um chat ou site de relacionamento.
Tenho amigos “reais” que acham que quem entra na net tem algum problema ou deve ser muito solitário. Engano crasso! Eu tenho muitos amigos, sempre saio, e mesmo assim volta e meia me aventuro em uma sala de chat onde conheço pessoas de todos os tipos, algumas com quem acabo conversando sempre, e outras em que o contato se resume a um papo.
E qual a diferença entre essas pessoas e aquelas que conheço num bar, por exemplo? “Ah, mas na net você nem sabe como é a pessoa com quem está conversando, vai que é um psicopata ou um mentiroso?”. Concordo em partes. A gente conhece mesmo quem nos aborda em um bar ou balada, ou até mesmo na faculdade ou trabalho? Como saber que o primeiro papo não está recheado de mentiras, que acabam sendo descobertas mais tarde (às vezes até tarde demais, diga-se de passagem)?
Atire a primeira pedra quem nunca teve uma decepção com um amigo que imaginou ter conhecido a vida inteira. Ou com aquele cara fantástico do barzinho, gente boa mesmo, que ligou e parecia o príncipe encantado e depois se mostrou tão ou mais cafajeste que todos os tranqueiras que você conheceu juntos? Enfim, não dá para julgar quem conhecemos em lugar nenhum. Apenas o tempo nos mostra quem são as pessoas, porque as máscaras, por melhores que estejam colocadas, sempre acabam caindo.
Escrevi tudo acima apenas apara falar sobre minha experiência nesse campo. Conheci pessoas maravilhosas desde 1998, quando comecei a fazer parte do chamado mundo virtual. Algumas dessas pessoas ainda estão em contato comigo, e outras se afastaram como se afastam também nossos amigos de infância, adolescência e até mesmo adultos, quando tomam caminhos distintos dos nossos.
Ano passado tive a maior prova de que nesse mundo virtual tão louco existem pessoas que, mesmo distantes, foram mais presentes do que “amigos” reais que tenho. Pessoas que me achavam no orkut e, ao lerem meu perfil e descobrirem que eu estava com câncer, me deixavam uma mensagem de apoio e pediam para ser adicionadas. Homens, mulheres e até mesmo adolescentes que resolveram, sem nunca ter me visto, nem saber quem eu sou realmente (e se sou uma psicopata?), acompanhar minha luta contra o câncer e subsequente vitória. Pessoas também que conheci em chats e sempre me mandam um e-mail perguntando como estou. Ou escrevem para dizer que recebem minhas mensagens e continuam na torcida. Enfim, para dizer: olha, distantes, sem rosto (em alguns casos nunca vi suas fotos), estamos ao seu lado.
O que levava essas pessoas a escreverem para alguém que não conheciam e dizer que estavam torcendo? Acredito que seja o que me leva a fazer o mesmo que elas: a solidariedade. Um pouquinho do carinho de cada um se transforma em um monte que nos afaga a alma todos os dias. E quem não gosta de carinho, não é mesmo?
Sempre digo que amigos nunca são demais. Sejam eles de perto, de longe, da net, do trabalho, sempre vale a pena mantê-los quando existem respeito e consideração no relacionamento. Gostaria muito de poder conhecer pessoalmente todos que fazem parte da minha rede de contato, mas infelizmente em alguns casos sei que isso será impossível pela distância. Mesmo assim, é muito bom saber que eles estão ali, atentos, torcendo por mim assim como eu por eles. Isso é amizade. Isso é amor. E amor, nesse mundo tão louco que vivemos, é um sentimento cada vez mais bonito de ser sentido.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Fechando o ciclo

Hoje é véspera da minha última cirurgia. Ou melhor, últimas cirurgias, porque farei uma biópsia novamente no útero, para a retirada de um pólipo. Exatos 364 dias depois da minha mastectomia, encerro o ciclo de operações com o retoque das plásticas. Ainda falta fazer o bico do seio e a aréola, mas isso é fichinha, coisa de consultório que nem faz cócegas.

Estou feliz e ao mesmo tempo apreensiva. Feliz pelo fim de anestesia geral e hospital, mas apreensiva com a biópsia. Por mais que eu saiba que é para meu bem, que é quase 100% de certeza de que não é nada, fico nervosa, é claro! Essa história de esses pólipos ficarem aparecendo não é nem um pouco agradável, e a biópsia, no meu caso, é obrigatória. Já fiz uma esse ano e não deu nada, então tenho de pensar positivamente que essa também não vai dar. Mas tem horas que bate um medo...

Nem sei como será essa recuperação, porque o médico irá mexer nos dois seios dessa vez. Essa coisa de não levantar o braço parece moleza, mas tente ficar um dia todo sem abrir os braços ou levantá-los!!! Até agora as cirurgias foram alternadas, ou seja, um braço ficava em repouso, mas o outro podia se movimentar normalmente. Agora os dois irão ficar parados. Para mim, que adoro teclar e detesto depender dos outros, é meio que angustiante pensar nisso, mas não adianta também ficar reclamando. Sei que tudo isso é para o meu bem estar, portanto tenho de seguir as ordens médicas sem discussão.

E, finalizando mesmo esse ciclo, já tenho definida a data de retorno ao jornal: 6 de julho, uma segunda-feira, exatamente 1 ano e 3 meses após minha entrada em licença. Estou super ansiosa para o retorno, e sei que meu lugar está lá, apenas me esperando. Ainda não sei o que farei quando voltar, porém o mais importante é que voltarei! E essa volta será o começo da minha nova vida, de mudanças importantes, não somente em aspectos físicos, mas também pessoais. E tudo, graças a Deus, apenas com aspectos positivos!!!!