quinta-feira, 5 de março de 2009

Miscelânea

Parece que abandonei o blog, não é??? Andei um tempo sem vontade de escrever nada. Não tem nenhuma razão específica, mas parece que ando meio entediada de tudo. Não sei se é a expectativa da nova plástica neste dia 9, ou se é esse calor insuportável (que no meu caso é duas vezes pior por causa do medicamento que tomo), ou se é apenas tédio mesmo de não estar ainda de volta a minha vida normal, ou seja, trabalhando.
Hoje estive no Liberal e foi muito bom ver todo mundo. Senti uma saudade imensa daquela movimentação, da necessidade de entregar uma matéria, da correria do dia a dia, da busca pela manchete. Difícil explicar isso a quem nunca ficou afastado do trabalho por doença. E hoje faz exatos 11 meses que estou fora de lá. Só volto em junho, mas já estou extremamente ansiosa por isso. E ser recebida com o carinho que senti hoje me deu mais vontade e ânimo para me recuperar das plásticas o mais breve possível.
Ontem meu dia foi meio triste. Minha amiga Aline, que fez quimio comigo, está novamente com câncer. Ainda não se sabe se é uma metástase ou outro câncer, mas o ponto principal é que, infelizmente, ela terá de fazer o tratamento novamente. Quando falei com ela, que estava chorando, senti mais dor do que no dia em que eu soube que estava doente de novo. Aline é uma pessoa maravilhosa, é casada e tem um filho lindo de 4 anos, e já fez um ano de quimio. Achei muito injusto isso estar acontecendo com ela... mas não adianta pensar assim. Hoje fui vê-la e fazer o que posso fazer nesse momento: mostrar que, mesmo sendo uma segunda vez, não se pode desistir. Venci duas vezes, e tenho certeza de que ela vencerá também.
A doença de Aline me fez refletir sobre algumas coisas que aconteceram nos últimos tempos e nas quais andei gastando tempo e energia sem a mínima necessidade. Minha vida é muito importante para me desgastar por aquilo que não posso resolver, por mais que eu queira. Minha energia é preciosa demais para ser gasta com pessoas que não querem estar ao meu lado ou que não gostam do meu jeito. Sou do jeito que sou e pronto. Acho um saco essa coisa de as pessoas acreditarem que quem tem câncer vira a Madre Teresa de Calcutá: passa a ser tolerante com tudo, não pode reclamar de nada, tem de levantar e todo dia agradecer que está vivo, e tudo no mundo passa a ser insignificante perto do fato de estar novamente bem. É óbvio que sou feliz por estar curada, que agradeço a Deus por isso, mas não sou obrigada a achar que tudo é maravilhoso e virar santa!!!! Acredito que sou uma pessoa melhor, mas não perfeita. Tenho defeitos que fazem parte de mim e não mudarão, nem com câncer nem sem ele. E tive defeitos que se foram depois que tive a doença duas vezes. Um deles era sofrer por antecipação. Não digo que não faço mais isso, mas melhorei muito nesse aspecto. E acho que escrevi demais... Desculpem o tom ácido, mas tem coisa demais na minha cabeça esses dias.