quinta-feira, 29 de maio de 2008

Liberdade!

Nada como estar sem dreno e cateter para entender o exato significado da palavra LIBERDADE! Liberdade de poder tomar banho sem ter de tomar cuidado o tempo todo em não molhar fios ou então chutar o dreno, liberdade de poder andar sem ter de me preocupar em segurar o dreno o tempo todo nas mãos, e liberdade de poder sentar sem me preocupar se os fios do cateter não vão pressionar meu peito ou se o dreno está em um local onde não possa ser pisado por ninguém.
As coisas estão melhorando dia a dia. Já ando mais e, apesar de ainda ter de prestar atenção quando me movimento para não doer os cortes nem forçar o braço, tenho uma relativa autonomia para fazer coisinhas que não exijam muito esforço, como digitar, por exemplo.
A única coisa que cansa mesmo é ficar em casa... Perdi as contas de quantos filmes, séries e programas de televisão a que assisti nos últimos dias. Como estou com uma infecção, melhor não arriscar e sair de bobeira para me expor a possíveis bactérias. Neste momento pré-quimioterapia todo cuidado é pouco, então nada de sair de casa para a rua. Ou seja, minha vida resume-se a ler, olhar a Internet, assistir televisão e me distrair com os amigos que vêm me visitar. Ainda assim, está tudo certo. Prefiro me resguardar agora e depois fazer o tratamento sem problemas do que ter de ficar adiando o começo da quimio por causa de uma gripe boba, por exemplo.
É isso então, amigos. A cada dia que passa sinto que estou mais forte e mais decidida a enfrentar esse tratamento que não sei quando acaba. Uma notícia boa: minha biópsia deu que não há mais vestígio do câncer no meu organismo. Ainda assim, não posso deixar de fazer a quimio, para não haver o perigo de o câncer retornar. E isso, quem me conhece sabe, eu jamais vou deixar que aconteça, se depender de fazer todo tratamento que for necessário a minha saúde.

domingo, 18 de maio de 2008

Recuperação

Olá povo... Depois de quase 15 dias de ausência, estou aqui novamente para dar as últimas notícias da minha briga (que está quase ganha) com o câncer. Dentro das circunstâncias posso dizer que estou ótima. Esse “ótima” refere-se principalmente à retirada dos nove cateteres que estavam em meu peito e que saíram de cena na última sexta-feira, em mais um episódio que, tenho certeza, vou contar um dia rindo numa mesa de boteco.
A recuperação da cirurgia, nos primeiros dias, foi uma tortura. Não vou dourar a pílula não! Você sai do hospital com um peito parcialmente reconstituído, dreno, cateter e um monte de incisões, além de uma dor que, mesmo sem respirar, dói! E isso dura mais ou menos uma semana, até que a dor se torna tão constante que você consegue esquecer pelo menos um pouco que ela existe.
Dormir? Bom, para quem dorme de lado ou de bruços, deitar de barriga para cima é insuportável, né? Pois é assim que tenho dormido nos últimos 12 dias. Virar de lado sem chance, e de bruços nem em sonho. Então, as costas ficam em frangalhos, mas pelo menos eu descobri que consigo dormir nessa posição.
Apesar disso tudo, estou feliz que, em apenas um mês, passei por duas fases do tratamento. A primeira foi a cirurgia (um sucesso, segundo os médicos), e a segunda foi a braquiterapia, que fiz esta semana e já acabou. Dez sessões, duas por dia, e fim de uma parte do tratamento. Amanhã já marco minha consulta com o pessoal da quimioterapia e, em 15 dias, devo começar a fase considerada por muitos como a mais difícil dessa briga. Ainda assim, tenho certeza de que passarei por ela com muita força, principalmente com o apoio de minha família e meus queridos amigos. Continuo com muita fé que o câncer que existia já foi retirado do meu corpo, e o que estou fazendo agora é uma prevenção para que essa doença não volte nunca mais. Tenho certeza de que posso continuar a contar com vocês nesta nova fase do tratamento que se inicia.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

A cirurgia

Agora não tem jeito: amanhã será feita a minha cirurgia. Se estou com medo? É claro que estou! Sou humana, e a perspectiva de tirar um seio, colocar cateteres e ainda por cima reconstruir o seio me dá um medo danado. Primeiro, de alguma coisa dar errado e eu morrer durante a cirurgia. “Imagine, não tem perigo!”, alguns de vocês vão dizer. Perigo tem sim, o que não posso é ficar imaginando que isso vai acontecer.
Segundo, medo de sair de lá feito um Frankenstein, toda remendada, sei lá como. Por mais que me digam que o resultado é muito bom, e eu sei que é bom, afinal estou nas mãos de um dos melhores cirurgiões plásticos de Piracicaba, ainda assim sei que no começo ficarei toda cheia de hematomas e feia. Bom, também quem vai olhar isso nessa altura do campeonato, não é mesmo?
E dá-lhe mais exames ainda hoje, mais um médico, mais conversa com o convênio. Essa noite já dormi mal, muito mal, mesmo com Rivotril na cabeça. A vontade é tomar umas 20 gotas para ver se o efeito é mais potente, e vence a minha insônia. Passar a noite acordada ou então acordando de tempos em tempos para pensar no assunto me deixa com o corpo todo cansado, a mente tensa e os músculos endurecidos.
Mesmo assim, apesar de tudo isso, estou aliviada por uma coisa: o tratamento vai finalmente começar. Cheguei ao ponto de partida, e dele agora só saio para ganhar a corrida. Então, a cirurgia é só o primeiro passo. Depois disso, vamos à rádio e à quimio, para chegar à tão desejada cura de uma vez por todas. Cura essa que, acima de tudo, depende de minha vontade e, se depender disso, já estou mais do que curada (mas não pronta para outra, que aí também já é demais!). Então, todo mundo rezando, orando, mandando energia positiva, colocando meu nome em estrelas, ou seja lá o que for, amanhã às 13h30. Sei que posso contar com vocês para vencer essa grande guerra que está se travando dentro de mim!